Fotógrafos se despedem de colega assassinado na Cidade do México
Cidade do México, 3 ago (EFE).- O enterro do fotojornalista mexicano Rubén Espinosa, assassinado na sexta-feira passada na Cidade do México, se transformou nesta segunda-feira em um ato que dezenas de seus colegas descreveram como o adeus a um dos “mais corajosos” da categoria.
“Perdemos o que era o melhor de nossa casa”, disse à Agência Efe Alejandro Meléndez, um dos fotógrafos mais comovidos durante o enterro de Espinosa.
Meléndez lembrou o colega como um profissional na acepção da palavra, que fazia fotos onde poucos teriam coragem e gostava de falar com pessoas comuns. Ao referir-se a seu assassinato, ponderou que levaram o mensageiro, mas sua mensagem fica.
“Seu corpo descansou, suas ideias estão vivas”, declarou o fotógrafo, que interrompeu a solenidade das exéquias para se aproximar à terra onde foi sepultado para sempre seu amigo e colocar-lhe ao lado uma pequena câmera fotográfica.
Com o espírito de equipe com o qual se movimentam mesmo quando são de meios de comunicação diferentes, os fotógrafos recordaram Espinosa sem pranto e vários disseram ter vivo na memória o último encontro com seu colega.
“Foi há duas semanas, ele gostava das tortas cubanas e comemos uma grande. Tinha bom apetite, embora fosse magro e seu espírito era muito livre. Gostava de música punk, reggae e das canções de Manu Chao. Temos medo, mas estamos decididos a cumprir seu maior desejo, que estivéssemos unidos”, disse Josué Marín.
Não se chama Josué nem seu sobrenome é Marín, mas pede que o identifiquem assim porque ele também está ameaçado e não quer dar pistas os criminosos que estão zangados por suas denúncias e talvez queiram assassiná-lo também.
Com 102 profissionais assassinados de 2000 até 2014, o México é um dos países mais perigosos para exercer o jornalismo.
“É duro morrer por fazer bem seu trabalho”, se lamentou Saúl López, que trabalha na agência de fotografia Cuartoscuro, onde Espinosa colaborava.
Espinosa, que habitualmente desempenhava seu trabalho no estado de Veracruz, foi assassinado em um apartamento da Cidade do México junto com a estudante e defensora de direitos humanos Nadia Vera e outras três mulheres.
Segundo relatórios de organismos de direitos humanos, os cinco teriam marcas de tortura em seus corpos. EFE
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