França alerta Rússia do perigo de anexar a Crimeia, mas defende diálogo

  • Por Agencia EFE
  • 06/03/2014 16h23

Bruxelas, 6 mar (EFE).- O presidente francês, François Hollande, advertiu a Rússia nesta quinta-feira das consequências da anexação da Crimeia, incluído o “perigo para ela mesma”, ao mesmo tempo em que defendeu a via do diálogo multilateral para resolver a crise na Ucrânia.

“A Rússia conhece bem as regras (do direito internacional) e para ela poderia ser extremamente perigoso que estas regras se contradigam, porque poderia haver reivindicações de autodeterminação”, disse Hollande na entrevista coletiva posterior à cúpula extraordinária de chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE) realizada em Bruxelas por ocasião da crise na Ucrânia.

O líder francês se pronunciou assim sobre o referendo convocado hoje para o dia 16 de março na região autônoma ucraniana da Crimeia, cujo Parlamento mostrou sua vontade de incorporar-se à Rússia.

“Para que haja uma anexação é preciso que exista um país que aceite tomar a região em questão. Esta é a demanda que hoje foi feita pelo pseudoparlamento da Crimeia à Rússia, portanto a Rússia está diretamente implicada”, comentou Hollande.

O presidente francês lembrou que o Conselho decidiu estabelecer uma “gradação de medidas” para estimular as partes a resolver o conflito ucraniano, que passam em uma fase imediata pela suspensão de negociações para a liberação de vistos com a Rússia e pela assinatura de um acordo de associação com o país.

A partir daí, os 28 defendem avançar mediante um diálogo multilateral, mas, caso não funcione, seriam tomadas outras medidas como a proibição de viajar à UE, o congelamento de ativos e inclusive o cancelamento da próxima cúpula entre União Europeia e Rússia.

“Se Moscou tomar medidas que desestabilizem Ucrânia ou ponham em questão sua integridade territorial e soberania, então seria preciso tomar novas disposições que afetariam as relações em vários setores econômicos”, disse Hollande.

“Serei extremamente firme nisto: a Ucrânia é a Ucrânia. Pode haver reconhecimento de direitos específicos (para a Crimeia), uma grande autonomia, bases militares conforme acordos assinados, mas não pode colocar-se em questão a integridade territorial ucraniana”, insistiu.

No entanto, o presidente francês se mostrou totalmente partidário que se fomente o diálogo multilateral e defendeu para isso a criação de um grupo de contato no qual participe a UE “ou os países que possam desempenhar um papel” e também a Rússia.

“Não podemos separar a Rússia das discussões. A Rússia teria também interesse em aproveitar a possibilidade de utilizar este grupo de contato” afirmou.

No que diz respeito às relações bilaterais entre França e Rússia, Hollande advogou por manter o diálogo em todos os níveis e negou a suspensão de entregas de navios que os países têm pactuadas. EFE

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