França critica espionagem e pede que EUA reparem dano causado

  • Por Agencia EFE
  • 24/06/2015 12h45

Paris, 24 jun (EFE).- Após o descobrimento da espionagem sobre os últimos três presidentes franceses, o primeiro-ministro francês, Manuel Valls, ressaltou nesta quarta-feira que os EUA traíram a confiança da França e pediu que o país repare o dano causado às relações bilaterais com essa prática “inaceitável”.

Na sessão de controle do governo na Assembleia Nacional, o primeiro-ministro considerou a espionagem “muito grave e anormal entre Estados democráticos aliados” e considerou que “não é legítimo” fazer esse tipo de vigilância “em nome dos interesses nacionais”.

Valls declarou que Washington deve “seguir adiante” com os compromissos adotados em 2013, quando garantiu ter encerrado essas práticas, e defendeu o estabelecimento de “um código de boa conduta” em matéria de informação e de respeito da soberania política entre aliados.

O chefe do governo francês ressaltou que quando se compartilham valores comuns “o respeito recíproco da soberania é um princípio fundamental” para poder realizar relações de confiança, e transmitiu em nome de toda a representação política francesa a “cólera legítima” do país por esses escutas.

A informação do Wikileaks divulgada na noite de ontem por “Libération” e “Médiapart” revelou que a Agência Nacional de Segurança americana (NSA) iniciou “uma operação de grande porte” para monitorar entre 2006 e maio de 2012 as conversas de Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy e François Hollande.

“A resposta da França diante dessa revelação é uma mensagem de clareza e firmeza em relação ao que não é aceitável”, definiu Valls, para quem apesar da “França ser um aliado leal que sabe o que deve aos EUA” ao longo da história, a gratidão nunca a impedirá de “ser independente”.

Além disso, insistiu que o projeto de lei que estabelece um acordo legal a seus serviços secretos, que será votado hoje de forma definitiva na Assembleia Nacional, não incorre nos métodos denunciados.

O texto, que gerou uma grande controvérsia, reforça e molda a escuta telefônica e pela internet e detalha os possíveis procedimentos de vigilância e de interceptação de informação e comunicações.

“Cria uma ferramenta de controle jurisdicional potente”, explicou o primeiro-ministro, que quis deixar claro para os deputados que, “ao contrário das especulações”, o país não vigia seus parceiros ou aliados. EFE

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