França “não titubeará” em voltar a impor controles em suas fronteiras
Paris, 16 set (EFE).- O primeiro-ministro francês, Manuel Valls, avisou nesta quarta-feira que seu país “não titubeará” em voltar a estabelecer controles em suas fronteiras, como já fez com a Itália, ao mesmo tempo em que criticou os países europeus que se negam a uma distribuição “igualitária” dos refugiados.
Em um debate na Assembleia Nacional sobre a crise dos refugiados, Valls ventilou a possibilidade de restabelecer esses controles fronteiriços, “como as regras de Schengen permitem cada vez que as circunstâncias pedem”. Ele acrescentou que isso poderia ocorrer “nos próximos dias ou nas próximas semanas”, palavras com um eco particular após a Alemanha ter imposto controles perante a entrada em massa de refugiados.
O primeiro-ministro francês especificou que, em qualquer caso, a situação de seu país agora é muito diferente da alemã. Ele também afirmou que os controles que começarão na fronteira com a Itália.
Sem citar nomes, Valls criticou os países da Europa que se negam a ter uma quantidade de refugiados fixada.
“É inaceitável. Esses países esquecem a sua própria história”, afirmou ele, lembrando que os perseguidos políticos pelos regimes comunistas eram admitidos na França.
Sem querer falar de “cotas”, termo sensível na França, insistiu que cada um deve assumir uma parte da responsabilidade em função de suas capacidades.
“A solidariedade não é uma carta. Ela é necessária para todos”, ressaltou.
No que diz respeito à França, reafirmou que seu país tem a vocação de acolher quem é perseguido e que seu governo não questionará esse direito, seja qual for a circunstância.
Neste debate parlamentar sem voto, o chefe do Executivo socialista explicou que a solução à crise dos refugiados “está em primeiro lugar” nos países de onde as pessoas saem, mas “também na Europa”. Segundo Valls, a França estima que este ano vá expulsar 16 mil imigrantes clandestinos, após os 15 mil de 2014, quando ocorreu um aumento de 40% com relação ao ano anterior.
Ele também criticou a iniciativa do chefe da oposição conservadora, o ex-presidente Nicolas Sarkozy, que se pronunciou por um Schengen II que modifique os atuais tratados e por um estatuto especial para refugiados de guerra.
No que diz respeito os meios para atender a essas pessoas, o primeiro-ministro anunciou que seu governo vai dotar-se de uma verba de 279 milhões de euros extras até o final de 2016.
A França se comprometeu a aceitar 24 mil refugiados, além dos 160 mil que a Comissão Europeia propõe repartir entre os países da UE. Eles se somariam aos 6 mil assumidos pelo governo em Paris no acordo europeu de junho.
A questão dos refugiados estará no centro do encontro que o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, terão amanhã em Modena, na Itália. EFE
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