França vai reforçar ensino do laicismo a partir do próximo ano letivo
O governo francês reforçará a partir do próximo ano letivo o ensino dos princípios do laicismo nas escolas, para combater comportamentos como a solidariedade com os terroristas que realizaram atentados em Paris constatada em pelo menos 200 escolas.
“É preciso voltar às bases de nossa República laica”, ressaltou a ministra da Educação, Najat Vallaud Belkacem, de origem marroquina, ao apresentar à imprensa um primeiro pacote de medidas, que terão mais concretização na próxima semana.
“Trata-se de transmitir uma capacidade de argumentação, uma cultura da razão e do julgamento, mas também de lutar contra as teorias do complô e da conspiração que rodeiam os alunos”, disse a ministra, que fez consultas a seis de seus antecessores no Ministério.
Ela antecipou que, a partir do próximo ano letivo, haverá novos conteúdos de laicismo nos programas escolares dentro do ensino de moral e cívica, bem como um ensino laico sobre o fenômeno religioso.
“Será oferecida uma formação contínua dos professores nestas matérias para que saibam reagir perante alunos que questionem os princípios laicos e haverá um apoio operacional para as equipes em dificuldades”, acrescentou Najat.
“O laicismo nos protege. É um conceito complexo que é preciso explicar aos jovens e por isso não podemos nos contentar com um curso teórico, mas é preciso praticá-lo no dia a dia com os alunos”, argumentou a ministra.
Najat assegurou que “nenhum incidente ficará sem acompanhamento”, em relação às várias centenas que se sucederam em escolas de todo o país nas homenagens às vítimas e, muito particularmente, durante o minuto de silêncio da quinta-feira da semana passada.
Acrescentou que os casos mais graves foram levados ao conhecimento da Justiça para que estude se é preciso abrir processos.
Um exemplo foi um colégio em um bairro conflituoso de Dreux (norte), onde cerca de 60 alunos boicotaram a cerimônia de lembrança das vítimas dos terroristas, enquanto outros 50 a perturbavam.
Alguns insistiam em que a revista satírica “Charlie Hebdo”, que foi objeto de um atentado no último dia 7 no qual 12 pessoas foram assassinadas, “tinha insultado o profeta” com a publicação de caricaturas de Maomé.
“A incitação ao ódio é um delito. Pelo contrário, o delito de blasfêmia não existe na França”, ressaltou a ministra.
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