Franceses dão plenos poderes a Macron com vitória nas eleições legislativas

  • Por EFE
  • 18/06/2017 19h55 - Atualizado em 29/06/2017 00h38
EFE Franceses dão plenos poderes a Macron nas eleições legislativas

Os franceses acabaram com o velho sistema partidário do país para dar nas urnas plenos poderes ao seu novo presidente, Emmanuel Macron, que terá uma grande maioria absoluta na Assembleia Nacional para promover reformas no país.

A República Em Marcha, partido criado por Macron para ampliar no Legislativo o poder já conquistado com a vitória nas eleições presidenciais, obteve cerca de 350 deputados no segundo turno do pleito parlamentar, muito acima dos 289 que garantem a maioria.

Os números não são tão estratosféricos como anunciam as pesquisas, mas representam uma folga mais do que suficiente para que o novo presidente possa avançar em iniciativas como a reforma trabalhista ou a nova legislação antiterrorista.

Esse leve movimento de retificação de votos depois dos resultados do primeiro turno indicarem uma história vitória macronista não diminui a reviravolta no sistema político francês nessas eleições.

Um partido que não existia há pouco mais de um ano e que foi montado com políticos de esquerda e de direita, assim como de nomes desconhecidos vindos da sociedade civil, dominará o parlamento.

Além disso, a República Em Marcha fez com que os partidos tradicionais fossem rebaixados a um quadro de insignificância política não antes visto desde que o general Charles de Gaulle fundou a V República em 1958.

Os Republicanos, o grande partido da direita francesa, sofreu uma derrota menor do que o Partido Socialista, do ex-presidente François Hollande, e será a primeira força de oposição na Assembleia Nacional, com 135 deputados, mais do que cem a menos do que na última legislatura.

No entanto, os conservadores mostraram fraturas internas importantes. Alguns dos candidatos do partido fizeram campanha afirmando estarem dispostos a trabalhar com a maioria que apoia o presidente. Outros anunciaram que farão uma oposição frontal e sem compromissos com o governo de Macron.

“É o fim de uma época. Nossos candidatos foram derrotados porque parecemos mais próximos à França de ontem do que à de amanhã. Temos que reconstruir tudo, do chão ao teto”, afirmou uma das lideranças do partido, Valérie Pécresse.

Semelhante cenário apocalíptico podia ser observado na sede do Partido Socialista, que conseguiu obter um resultado melhor do que o esperado e terá por volta de 45 deputados na Assembleia Nacional.

O líder do partido, Jean-Christophe Cambadélis, apresentou sua renúncia e anunciou que uma junta diretiva comandará os socialistas.

O melhor exemplo do tamanho da derrota dos socialistas é que a imensa maioria dos ministros que fizeram parte dos governos de François Hollande ficou de fora do parlamento.

Uma das três exceções foi o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, que conseguiu a vitória por apenas 139 votos. Sua adversária, no entanto, anunciou que tentará impugnar o resultado.

O título de “chefe da oposição” terá muitos pretendentes na Assembleia Nacional, que terá pela primeira vez nomes como a líder da ultradireita, Marine Le Pen, e o da extrema-esquerda, Jean-Luc Mélénchon.

Os dois, grandes oradores, se unem na aversão às políticas defendidas de Macron. Na Assembleia, eles terão uma tribuna para atacar o presidente de uma melhor posição do que a que tinham até agora no Parlamento Europeu.

No entanto, enquanto Mélénchon e sua França Insubmissa poderão formar uma aliança com os comunistas, totalizando 26 cadeiras na Assembleia Nacional, a Frente Nacional de Le Pen terá apenas oito deputados.

A mácula no nascimento da era macronista na França é mais uma vez a forte abstenção, que levantou dúvidas sobre realizar eleições legislativas apenas um mês depois das presidenciais.

A participação de 42% dos eleitores representa um mínimo histórico na V República.

Enquanto a abstenção motivou lamentações de boa parte da classe política, Mélénchon a celebrou por seu “significado político”. Para o líder da extrema esquerda, os franceses entraram em uma “greve geral cívica”, o que tira a legitimidade das reformas que Macron pretende realizar.

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