Francisco proclama santos os dois papas “restauradores” da Igreja Católica
Cristina Cabrejas.
Cidade do Vaticano, 27 abr (EFE).- Os papas João XXIII e João Paulo II foram proclamados santos neste domingo em cerimônia histórica na qual o papa Francisco destacou que ambos “restauraram e atualizaram a Igreja”.
O papa proclamou a santidade dos dois pontífices perante meio milhão de peregrinos chegados de todo o mundo à Praça de São Pedro e seus limites, segundo dados do Vaticano, que estimou em cerca de 800 mil os que se congregaram em Roma para a ocasião.
Com a fórmula pronunciada em latim, Francisco pediu que se inscrevesse os dois papas no livro dos santos e uma forte salva de palmas se ouviu em São Pedro e nas praças de Roma onde se seguia a cerimônia.
Foi também o dia histórico dos “quatro papas” já que além de Francisco ter proclamado santos Karol Wojtyla e Angelo Roncalli, com os cardeais presentes, à esquerda do altar esteve o papa emérito Bento XVI, a quem o papa argentino abraçou antes de começar a missa.
“João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restaurar e atualizar a Igreja segundo sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos”, explicou Francisco em sua homilia.
O papa argentino começou a missa comentando o episódio bíblico sobre São Tomé que toca as chagas de Jesus ressuscitado e o pontífice argentino ressaltou que Wojtyla e Roncalli “tiveram a coragem de olhar as feridas Jesus, de tocar suas mãos”.
“Não se envergonharam da carne de Cristo, não se escandalizaram com ele, com sua cruz; não se envergonharam da carne do irmão, porque em cada pessoa que sofria viam Jesus”, acrescentou.
Para Francisco, “nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas de sua misericórdia havia uma esperança viva, junto a um gozo inefável e radiante”.
Uma esperança e um gozo, “que os dois papas santos receberam como um dom do Senhor ressuscitado, e que por sua vez deram abundantemente ao povo de Deus, recebendo dele um reconhecimento eterno”.
Para o papa “esta esperança e esta alegria se respirava na primeira comunidade dos crentes” na qual se vivia “o amor, a misericórdia, com singeleza e fraternidade” e foi então quando disse que Wojtyla e Roncalli “restauraram” a Igreja a suas origens.
Deles, Francisco lembrou que viveram um século XX do qual “conheceram suas tragédias, mas não se afligiram. Nele, Deus foi mais forte”, exclamou.
Sobre a personalidade de ambos santos, Francisco explicou que convocando o Concílio Vaticano II (1962), João XXIII demonstrou “uma delicada docilidade ao Espírito Santo, se deixou dirigir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi seu grande serviço à Igreja; foi o papa da docilidade ao Espírito”.
Já o pontífice polonês foi definido por Francisco como “o papa da família”.
“Ele mesmo, uma vez, disse que assim gostaria de ser recordado, como o papa da família. Gosto de destacar isso agora que estamos vivendo um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele, do Céu, certamente acompanha e sustenta”, acrescentou.
Durante a cerimônia foram exibidas no altar as relíquias dos papas recém proclamados santos, as mesmas que na beatificação,
O relicário em prata com o sangue do papa Karol Wojtyla foi levado a Francisco por Floribeth Mora Diaz, a mulher costarriquenha cuja cura em 2011 foi considerada o segundo milagre que serviu para canonizar João Paulo II.
Já a relíquia de João XXIII, o “papa bom”, era um pedaço de pele que foi removido de seu corpo e entregue pelos sobrinhos-netos de Roncalli.
O papa terminou a cerimônia cumprimentando o papa emérito Bento XVI, a quem estreitou as mãos.
Após a cerimônia, Francisco cumprimentou as 93 delegações, entre as que havia 24 chefes de Estado e governo, como os reis da Espanha e da Bélgica, além dos presidentes de Paraguai, Honduras, El Salvador, Equador, Albânia, Croácia, e Polônia, entre outros. EFE
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