Frente Nacional começa a analisar expulsão de Jean-Marie Le Pen
Paris, 20 ago (EFE).- A ultradireitista Frente Nacional (FN) estuda nesta quinta-feira a punição ao seu fundador, Jean-Marie Le Pen, por suas declarações antissemitas e negacionistas, uma pena que pode chegar inclusive a sua expulsão do partido.
O Birô Executivo do FN se reunirá esta tarde em Nanterre, nos arredores de Paris, com a presença do próprio Le Pen, para estudar as sanções após ter reiterado recentemente que as câmaras de gás dos campos de concentração nazista não são mais do que “um detalhe” da história, entre outras polêmicas afirmações antissemitas.
A atual presidente da FN, Marine le Pen, rompida com seu pai, não participará da reunião, assim como seu número dois, Florian Philippot, por considerarem que a rivalidade pessoal com o fundador não os permite ter um julgamento imparcial.
Mas, na realidade, a sorte está lançada para o patriarca dos Le Pen, porque a maior parte dos seis membros do Birô Executivo são fiéis à Marine, entre eles seu companheiro, Louis Aliot.
Tudo aponta a que, como pede um dos dois deputados da FN, Gilbert Collard – a outra é Marion Maréchal Le Pen, neta do fundador do partido- é preciso “enterrar o patriarca que molesta” o partido.
A direção do FN já expulsou uma vez seu fundador, em maio, mas Le Pen recorreu à justiça, que ordenou sua restituição ao cargo de presidente de honra.
Marine organizou um “congresso postal” no qual, através do correio, pediu aos militantes que se pronunciassem sobre a supressão da figura do presidente de honra. 94% dos participantes apoiaram a moção da presidente, mas a abstenção foi de 40%.
Le Pen deve comparecer ao Birô Executivo com a intenção, afirmou em comunicado, de “dar uma lição, não de recebê-la, de lealdade e de política”.
Para o velho político de 87 anos que fundou o FN há mais de quatro décadas, “não tem nenhum sentido que o homem que deu vida ao partido e que o dirigiu durante anos seja excluído por pessoas que se uniram a ele há três ou quatro anos”.
Le Pen deve “recusar” alguns dos membros do Birô Executivo por considerar que são “juiz e parte” no processo, que pretende utilizar como rampa política para se dirigir aos militantes.
Por isso pediu que a reunião fosse a portas abertas, e brandiu a ameaça de se apresentar às regionais de finais de ano em uma lista dissidente se for expulso.EFE
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