Fuga de depósitos e falta de acordo com a Grécia faz UE se referir ao grexit

  • Por Agencia EFE
  • 19/06/2015 16h05
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María Tejero Martín

Luxemburgo, 19 jun (EFE).- A crescente retirada de depósitos dos bancos gregos e a falta de avanços nos últimos dias para um acordo que permita afugentar o fantasma de uma saída da Grécia do euro levou seus parceiros da União Europeia (UE) a falarem diretamente da possibilidade de que haja o temido “grexit”.

“Certamente, não podemos fingir que não está acontecendo nada”, disseram nesta sexta-feira fontes comunitárias.

A paralisia das conversas técnicas para um acordo empurrou as negociações a outro nível, com a convocação para na próxima segunda-feira de uma cúpula extraordinária de chefes de Estado e do governo da zona do euro, que será precedida pelo enésimo Eurogrupo igualmente extraordinário dedicado à Grécia.

“Realmente parece que a intenção de Tsipras era levar a questão aos líderes”, reconheceram fontes comunitárias.

Os mercados elogiaram a convocação da cúpula com altas nesta manhã, mas o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, quis diminuir as expectativas.

“Que ninguém fique achando que haverá uma solução mágica”, disse, ao mesmo tempo que assinalou que “a cúpula não é o final, não haverá negociações técnicas detalhadas, esse é o trabalho dos ministros de Finanças”.

Tanto o ministro das Finanças francês, Michel Sapin, como seus colegas lituano e finlandês advertiram também hoje no conselho de ministros da UE que um acordo tem que passar primeiro por um consenso técnico, e que são necessárias novas propostas gregas para isso.

Mais taxativo se mostrou o ministro da Economia da Espanha, Luis de Guindos, ao afirmar que os qye pensam que a questão pode ser solucionada só com uma decisão política “se equivocam”.

Ninguém se aventura a estimar o que ocorrerá no começo da semana, embora seja contemplada a possibilidade de que a cúpula de segunda-feira se torne um fórum de discussão sobre um “Plano B” se Atenas se fortificar em sua postura e não apresentar novas propostas de acordo, explicaram à Agência Efe fontes europeias.

“É muito difícil prever o que ocorrerá na segunda-feira”, asseguraram por sua parte as citadas fontes comunitárias, que indicaram que tudo dependerá se os gregos forem ao encontro com uma nova proposta ou não, embora os parceiros “trabalhem sobre a suposição de que haverá uma”.

Os líderes de toda a União Europeia realizarão na quinta-feira e sexta-feira da próxima semana a tradicional cúpula de junho, reunião na qual pode ser retomada a questão grega, se na segunda-feira não se chegar a um acordo, mas o tempo pressiona, sobretudo para Atenas.

A Grécia tem um prazo até o dia 30 de junho, em apenas 11 dias, para realizar um duplo desafio: o pagamento de 1,6 bilhão de euros ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que descartou conceder algum “período de graça”, e o fim da prorrogação de seu resgate bancário.

Se o resgate expirar sem acordo, Atenas perderia a oportunidade de receber os 7,2 bilhões de euros que estão pendentes, o que poderia pôr o país em uma situação extrema, devido aos milionários pagamentos que terá que fazer em julho, não só ao FMI, mas também ao BCE.

Mas não só os cofres públicos helenos sofrem dificuldades, o setor bancário grego está fazendo frente a uma intensa fuga de capitais, por isso que o BCE decidiu hoje elevar pela segunda vez nesta semana a provisão urgente de liquidez (ELA) a pedido do Banco da Grécia.

Perante a deterioração da situação helena, tanto o Reino Unido como a Irlanda confirmaram publicamente que prepararam planos de contingência perante um eventual grexit.

“Desejamos o melhor, mas temos que estar preparados para o pior”, disse o ministro da Economia britânico, George Osborne, que pediu a Atenas que chegue a um acordo “antes que seja muito tarde”.

Por outro lado, tanto Espanha como Itália, dois dos países nos quais a inquietação dos mercados foi notada de maneira moderada, ambos acreditam que estão preparados para qualquer eventualidade.

“A Espanha não necessita planos de contingência. Está perfeitamente preparada para fazer frente a qualquer contingência que chegue de fora”, disse De Guindos.

A sensação de urgência cresce e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, manteve contatos com a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, François Hollande, e o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, e prevê falar ao longo das próximas horas com outros líderes.

“Parece que vai ser um fim de semana muito agitado”, resumiram as fontes comunitárias. EFE

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