Fukuyama faz alerta aos governos: mudem agenda política ou perderão apoio
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Santiago do Chile, 24 mar (EFE).- O analista americano Francis Fukuyama, autor do livro “O fim da história e o último homem”, afirmou nesta terça-feira que a legitimidade dos governos depende em grande parte da capacidade de satisfazer as crescentes demandas dos cidadãos e de compreender que a agenda política mudou.
“A geração anterior estava focada em uma luta pela democracia, por conter o Estado e fazê-lo obedecer à lei. Agora a agenda mudou para elevar a qualidade dos governos, para que eles proporcionem o que o povo espera deles, sem corrupção ou favoritismo”, ressaltou em um evento realizado em Santiago do Chile.
“Esse é um conjunto de reformas mais difícil de ser conseguido do que a democratização do Estado”, afirmou o pensador, de 62 anos, e de origem japonesa, convidado pelo Banco Santander para o seminário “Construindo Confiança para o Desenvolvimento”.
“A legitimidade dos governos, sejam democráticos ou não, depende em grande medida de sua capacidade de entregar ao povo o que eles reivindicam”, propôs o autor do famoso livro “O fim da história e o último homem”, de 1992.
O analista político indicou que as reivindicações dos cidadãos estão cada vez maiores. Especialmente na América Latina, pela recente consolidação das classes médias. Por isso, o Estado deve se adaptar não só em tamanho, mas na qualidade dos serviços que oferece.
“A fraqueza dos Estados e sua incapacidade para distribuir imparcialmente os bens e serviços públicos sem corrupção e clientelismo é um problema que afeta vários países”, ressaltou.
Alertou também sobre os governos populistas, que corromperam muitas instituições públicas, deixando os Estados mais frágeis do que eles já eram antes.
No caso do Chile, apesar dos últimos escândalos que envolveram a classe empresarial e política, Fukuyama afirmou que os níveis de corrupção são significativamente distintos em relação aos outros países da América Latina.
“Não diria que aqui as instituições estejam falhando. Um dos problemas do Chile, assim como o de outros países da região, é que o rápido crescimento de uma classe média bem educada e com acesso às redes sociais elevou drasticamente as expectativas que as pessoas têm das autoridades”, comentou.
“Em muitos casos, (as autoridades) não foram capazes de acompanhar o ritmo dessas demandas. As expectativas da classe média estão aumentando permanentemente, portanto, não é suficiente castigar apenas a corrupção”, afirmou.
Sobre o financiamento da política, Fukuyama propôs limites aos gastos das campanhas eleitorais e às quantidades de dinheiro privados usados pelos políticos. EFE
pm/lvl
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