Fumar em parques de Londres pode ter os dias contados

  • Por Agencia EFE
  • 23/10/2014 10h19

Rebeca Ruiz.

Londres, 23 out (EFE).- Sentar-se na Trafalgar Square, contemplar a coluna de Nelson e fumar um cigarro é uma prática que pode estar com os dias contados caso seja bem-sucedida uma iniciativa da Comissão de Saúde de Londres que pretende proibir o fumo em determinadas áreas da cidade.

A proposta partiu da chamada Comissão de Saúde de Londres, estabelecida pelo prefeito Boris Johnson em setembro de 2013 para assessorá-lo em medidas que ajudem a melhorar a saúde da população da capital.

A Comissão pretende persuadir as pessoas a abandonarem o tabaco, pois se estima que 1,2 milhão de londrinos fumem e 67 adolescentes comecem a fumar por dia.

Segundo a organização beneficente Cancer Research UK, que apoia pesquisas sobre câncer, “fumar causa mais de 28% das mortes ocasionadas por esta doença no Reino Unido”.

A iniciativa da Comissão gerou, no entanto, reações negativas entre os grupos de defesa da liberdade de fumar em parques e áreas públicas da capital britânica.

O plano, divulgado nesta semana, veio à tona três anos depois de a cidade de Nova York decretar a proibição de fumar no Central Park e em outros parques. Este pedido foi respaldado pelo prestigiado cirurgião Ara Darzi, especialista em cirurgia laparoscópica e robótica, que preside a Comissão de Saúde.

“Precisamos fazer todo o possível para dissuadir as crianças de fumar e ajudar os adultos a abandonar este hábito”, afirmou ele à Agência Efe.

“Aproximadamente apenas 40% da cidade de Londres é composta por espaços abertos, e menores ainda são as áreas destinadas à recreação infantil. Queremos que nossos parques sejam ambientes saudáveis, onde as pessoas possam desfrutar de ar fresco”, acrescentou.

Cerca de 18% da população londrina é fumante, e 8.400 pessoas morrem por ano em função de doenças relacionadas ao tabaco, o que significa em torno de 23 mortes por dia.

Diante da polêmica que a iniciativa gerou, o prefeito de Londres disse que para considerar a proibição de fumar nos parques, “precisamos de evidências contundentes que comprovem benefícios diretos à saúde da população”.

“Em outras palavras, que esta medida significará de fato salvar vidas”, frisou.

Quatro de cada cinco casos de câncer de pulmão são relacionados ao uso do tabaco. Além disso, “fumar de forma passiva também pode causar câncer e outras doenças”, de acordo com a Cancer Research UK.

Simon Clark, diretor da Forest, organização que defende o direito de fumar, disse à Efe que “não há justificativa para dizer que fumar em lugares abertos possa causar danos à saúde de pessoas não fumantes”.

“Se a fumaça te desagrada, saia de perto. É muito simples”, declarou o diretor da Forest.

Sete anos após a proibição do cigarro em lugares fechados na Inglaterra, como restaurantes, Clark insiste que “os bares deveriam ter áreas separadas para fumantes”. Além disso, ele tachou de “ridícula” a hipersensibilidade de algumas pessoas ao cheiro do tabaco.

Se o plano da Comissão for concretizado, o ato de fumar será proibido em muitos parques da cidade, como Green Park e Regents Park e a Parliament Square, em Westminster.

A Comissão também mostrou preocupação com os índices de obesidade da população, pois estima que 3,7 milhões de londrinos estejam acima do peso, superando os percentuais apresentados em cidades como Madri, Paris e Toronto.

“Se não abordarmos o problema da obesidade em Londres desde já, nossos serviços de saúde não serão capazes de suprir as necessidades da população futuramente. Devemos atuar agora”, concluiu Darzi. EFE

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