Funcionários do Hamas em Gaza iniciarão greve por falta de pagamento
Gaza, 25 jun (EFE).- Cerca de 58 mil funcionários do extinto Executivo do Hamas em Gaza iniciarão amanhã, quinta-feira, uma greve nos ministérios, instituições e agências governamentais para protestar contra a falta de pagamento de seus salários, anunciaram fontes oficiais na Faixa.
O chefe do conjunto de funcionários civis em Gaza, Mohammed Siyam, disse que a greve é o primeiro passo para denunciar que os empregados públicos do Hamas não cobraram seus salários e chamou ao governo de unidade formado no início do mês a “reconhecer as reivindicações legais daqueles funcionários que são o sustento econômico de mais de 50 mil famílias na Faixa de Gaza”.
“Pensamos em adotar todas as medidas necessárias até que o governo responda às reivindicações dos empregados legais”, advertiu o responsável.
Quando o Hamas tomou à força o controle de Gaza em junho de 2007 e rejeitou o decreto presidencial de Mahmoud Abbas, que depôs o Executivo islamita, o movimento criou um conjunto de funcionários afim de mais de 50 mil empregados nos quais se apoiou e aos que pagou o salário até maio passado.
Os que pertenciam ao movimento Fatah ficaram em licença forçada, mas seguiram cobrando regularmente seus salários através da Autoridade Nacional Palestina (ANP), presidida por Abbas.
Mas uma das primeiras consequências da formação do governo de unidade, estipulado entre Hamas e Fatah, foi que, por enquanto, o salário desses funcionários afins ao movimento islamita esteja suspenso.
Só os funcionários do Fatah em Gaza receberam seu salário no início de junho, após uma semana de tensão presidida pelos protestos de seus colegas do Hamas.
Responsáveis do movimento islamita forçaram o fechamento das caixas e dos bancos na Faixa e anunciaram que ninguém poderia retirar dinheiro até que fosse garantido o pagamento aos funcionários do Hamas.
Após dias de dura negociação, e com Gaza à beira do colapso comercial e da desordem civil pela escassez de liquidez, os sindicatos afins ao Hamas permitiram a abertura dos bancos e deram uma semana de prazo ao novo governo de reconciliação para que resolvesse seu problema.
O governo de unidade pediu então tempo para revisar os expedientes de cada empregado.
A fim de atenuar o conflito, o Catar se comprometeu na semana passada a doar US$ 60 milhões durante três meses para pagar à metade dos assalariados a conta do Hamas em Gaza.
No entanto, funcionários da ANP disseram estar esperando uma chamada do emirado catariano que confirme a transferência, que presumivelmente será feita através do Comitê catariano para a Reconstrução da Faixa de Gaza, com sede na capital.
“O governo de unidade e o presidente Abbas são plenamente responsáveis neste momento por pagar os salários de nossos funcionários”, concluiu Siyam. EFE
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