Fundação premiará “anti-imperialismo” de Chávez, Castro e Kim Jong-un

  • Por Agencia EFE
  • 24/09/2015 07h21

Noel Caballero.

Bangcoc, 24 set (EFE).- O ditador norte-coreano Kim Jong-un, o ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, e o já falecido ex-líder venezuelano, Hugo Chávez, entre outros, serão premiados devido ao espírito “anti-imperialista” por uma fundação na Indonésia.

Rachmawati Soekarnoputri, a presidente da Fundação Sukarno para a Educação, que concede os prêmios, louvou a luta dos líderes premiados para alcançar a “autossuficiência” em seus países.

O nome da fundação se deve ao pai de Rachmawati, Sukarno, o político que liderou o movimento para a independência da Indonésia e depois se tornou presidente do país.

A líder da entidade defendeu a condecoração, apesar de “entender” a crítica na “propaganda dos países ocidentais”, em ato universitário realizado em Jacarta.

As delegações diplomáticas de Cuba e Venezuela na Indonésia confirmaram à Agencia Efe que receberam o convite para a cerimônia de entrega dos prêmios, que ocorrerá no dia 27 de setembro na capital indonésia.

Uma das razões para conceder o prêmio ao líder venezuelano é “o sucesso” do sistema de educação pública desenvolvido sob seu mandato, segundo fontes diplomáticas.

A embaixadora de Cuba na Indonésia, Nirsia Castro Guevara, receberá o prêmio concedido a Fidel Castro e afirmou, em encontro com Rachmawati na sexta-feira passada, que a condecoração representa um prêmio “para todo o povo cubano”, segundo o portal de notícias “RMOL”.

Outros agraciados nesta edição serão os reis Abdullah II da Jordânia e Muhammad VI do Marrocos e o ex-primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad.

“Apesar de nossa independência, ainda há grandes forças estrangeiras que querem tomar o controle de nossos recursos naturais”, declarou Mahathir, de 90 anos.

Também polêmica é a nomeação do líder norte-coreano por “sua paz, justiça e humanidade”, segundo descreveu Rachmawati ao jornal “Jakarta Post”, prêmio que em edições anteriores foi concedido a Mahatma Gandhi e à vencedora do prêmio Nobel da Paz, Aung San Suu Kyi.

Rachmawati classificou como “falsas” as acusações contra o regime de Pyongyang por suposta violação dos direitos humanos. Em 2001, a fundação também honrou de maneira póstuma Kim il-Sung, avô do atual ditador da Coreia do Norte, com quem Sukarno tinha uma relação de amizade.

A filha do ex-presidente indonésio comparou a capacidade de liderança de Kim Jong-un com a de seus antecessores, o pai (Kim Jong-il) e o avô, cuja dinastia familiar comanda o país com mão de ferro há 70 anos.

“Como já aconteceu com Alemanha e Vietnã, espero que algum dia Coreia do Norte e Coreia do Sul possam se unir de novo”, afirmou Rachmawati ao elogiar o trabalho de Kim Jong-un ao manter conversas bilaterais com o país vizinho em relação à reunificação.

A presidente da fundação evitou confirmar a possível visita do líder norte-coreano à Indonésia, mas antecipou que uma delegação o representará no evento.

Indonésia e Coreia do Norte estabeleceram relações diplomáticas na década de 50 e continuam até o momento. Em abril deste ano, o atual presidente indonésio, Joko Widodo, recebeu uma delegação norte-coreana durante a participação em uma conferência no país.

Sob a presidência de Sukarno, a Indonésia sediou a Conferência de Bandung em 1955. Essa reunião significou o primeiro passo para a formação do Movimento de Países Não Alinhados (MPNA), que durante a segunda metade do século XX defendeu a neutralidade nos confrontos indiretos entre União Soviética e Estados Unidos.

O prêmio da Fundação Sukarno é entregue a líderes mundiais que promovem os valores de independência e desenvolvimento e serve “para lembrar” o trabalho deste movimento, que hoje é a segunda maior organização do mundo por número de países filiados, atrás apenas da ONU. EFE

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