Futebol, novelas e violência marcam candidaturas das eleições no México

  • Por Agencia EFE
  • 04/06/2015 15h45
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Raúl Cortés.

Cidade do México, 4 jun (EFE).- Um famoso ex-jogador de futebol, uma atriz de novelas, um palhaço, um político que dá descontos em cantinas e outro que usa um batmóvel estão entre os candidatos mais notáveis das eleições de 7 de junho no México, marcadas também pelo assassinato de alguns dos concorrentes a votos.

O próximo pleito vai eleger 500 deputados federais, 600 deputados estaduais em 16 estados, nove governadores e 887 prefeitos e chefes de delegação no Distrito Federal.

Entre as surpresas da campanha, destaca-se o ex-jogador Cuauhtémoc Blanco, que espera traduzir nas urnas seu sucesso nos estádios com uma candidatura pelo Partido Social Democrata (PSD) à prefeitura de Cuernavaca, no estado de Morelos, que fica próximo da capital Cidade do México.

Blanco, que recentemente pendurou as chuteiras jogando pelo Puebla e defendeu a seleção mexicana em três Copas do Mundo (1998, 2002 e 2010), recebeu o apoio nas redes sociais de seu amigo Chicharito Hernández, atacante do Real Madrid, entre outras personalidades dos gramados.

A veterana atriz Carmen Salinas, de 81 anos, pretende levar sua experiência nos estúdios de novelas ao Congresso como deputada federal pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), do atual presidente Enrique Peña Nieto.

Um concorrente à prefeitura de Tapachula, cidade do estado de Chiapas, no sul do país, oferece descontos em cantinas através de um “bônus”. Neftalí Mendoza e sua iniciativa geraram uma polêmica porque a calorosa cidade é um dos pontos do México com maior consumo de cerveja per capita e maior quantidade de prostíbulos, além de contar com um grave problema de tráfico humano.

Já em Nezahualcóyotl, um município do Estado do México marcado por casos de corrupção e crimes, o candidato a prefeito Valentín González Bautista, do esquerdista Movimento Cidadão, optou por um veículo peculiar para fazer suas propostas chegarem aos cidadãos: o batmóvel.

González disse à Agência Efe que sua ideia de usar uma réplica do carro de Batman é uma forma de ganhar prestígio em meio à má fama dos políticos tradicionais.

O veículo, que tem lança-chamas e paraquedas, é levado em guindaste aos atos de campanha e faz muito sucesso entre as crianças.

A votação de 7 de junho será a primeira da história do país em que os cidadãos poderão votar em candidatos independentes e sem filiação partidária, como resultado da reforma eleitoral de 2013.

Um dos que se enquadram neste caso é o palhaço Lagrimita, cujo nome real é Guillermo Cienfuegos e que há 40 anos faz as pessoas sorrirem em Guadalajara.

Outro independente que buscava uma cadeira, neste caso no congresso federal, mas que desistiu de fazê-lo é o deputado estadual Renato Tronco Gómez, de Veracruz, embora em seu caso porque quer ser governador mais adiante.

Ele ficou famoso por lançar um concurso nas redes sociais buscando sósias com o argumento de que ele não teria tempo para realizar todas as funções exigidas por seu cargo político.

No caso, o ganhador (ou ganhadores) do desafio poderá substituí-lo em atos públicos, mas não no Congresso regional, “nem se deitar” com sua mulher, segundo especificou como condição.

A exposição pública destes personagens contrasta com um relatório do Instituto Nacional Eleitoral (INE), segundo o qual apenas 78 dos 4.496 candidatos a deputado federal, ou 1,74%, tinham publicado até abril seu currículo para tornar o processo mais transparente.

Outro candidato independente, Pedro Kumamoto, de 25 anos, impôs um teto de US$ 500 às doações para sua campanha ao Congresso do estado de Jalisco.

No Distrito Federal, o esquerdista Partido do Trabalho suspendeu a campanha de sua candidata ao Congresso federal Liliana Gaytán após ela se envolver em um acidente de carro dirigindo em estado de embriaguez.

A violência merece um capítulo à parte, já que mais uma vez volta a marcar negativamente um processo eleitoral no México.

Em março, a pré-candidata do Partido da Revolução Democrática (PRD) à prefeitura de Ahuacuotzingo, Aidé Nava, foi decapitada.

Em 1º de maio, um grupo armado assassinou Ulises Fabián, que concorria à prefeitura de Chilapa pelo PRI. No dia 14 do mesmo mês, Enrique Hernández, candidato a prefeito de Yurécuaro pelo Movimento Regeneração Nacional (Morena), também foi morto a tiros, e um dia depois teve mesmo destino Héctor López Cruz, candidato do PRI a vereador do município de Huimanguillo.

A eles se somam outras pessoas que participaram das campanhas e que foram assassinadas, e alguns candidatos que abandonaram sua corrida eleitoral por ameaças. EFE

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