Futuro do processo de paz na Colômbia será decidido nas eleições de amanhã

  • Por Agencia EFE
  • 24/05/2014 17h54
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Bogotá, 24 mai (EFE).- Os colombianos comparecerão amanhã às urnas para escolher seu próximo presidente, que será o encarregado de levar adiante o processo de paz que o governo negocia com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), assunto que dominou a campanha eleitoral junto com os escândalos.

Após participar ontem à noite no segundo e último debate televisado, os cinco candidatos à chefia do Estado dedicaram o dia de hoje, a tradicional jornada de reflexão, a reuniões com suas equipes de campanha.

A última pesquisa, divulgada há uma semana, aponta que o presidente-candidato Juan Manuel Santos, da coalizão Unión Nacional, e seu mais inflamado rival, Óscar Iván Zuluaga, do movimento Centro Democrático, do ex-presidente Álvaro Uribe, estão tecnicamente empatados no primeiro lugar das intenções de voto.

Zuluaga obteria 29,5% e Santos, 28,5%, segundo a pesquisa publicada pela revista “Semana”, que tem uma margem de erro de 2,3%.

Também em empate técnico no terceiro lugar estão os demais rivais, a esquerdista Clara López, do Polo Democrático Alternativo (10,1%); Marta Lucía Ramírez, do Partido Conservador (9,7%), e Enrique Peñalosa, da Alianza Verde (9,4%).

Confirmadas essas projeções haverá necessidade de um segundo turno, no próximo 15 de junho, mas será preciso ver o impacto no eleitorado do escândalo que aumentou nos últimos dias pelos vínculos de Zuluaga com o hacker Andrés Sepúlveda, detido pela procuradoria e acusado de acessar informação de inteligência para sabotar o processo de paz.

A paz foi também o centro do debate de ontem à noite no “Canal Caracol”, no qual os rivais acusaram Santos de usar os diálogos com as Farc, que buscam acabar com meio século de conflito armado, com fins políticos para conseguir a reeleição.

“Apoiamos o processo de paz de coração, mas este processo deve ser uma política de Estado e tristemente se transformou em bandeira de reeleição, o que diminuiu sua força”, disse a Santos a candidata da esquerda, Clara López.

O diálogo com as Farc, realizado desde novembro de 2012 em Havana, já alcançou acordos sobre terras, participação política e drogas ilícitas, e os outros três pontos da agenda serão concluídos no mandato do próximo presidente, razão pela qual o resultado destas eleições será transcendental para as negociações de paz.

Todos os candidatos expressaram que estão dispostos a manter o processo, mas, com exceção de Santos, os demais colocaram a necessidade de fazer mudanças nas condições em que se negocia, que vão desde o cessar-fogo bilateral que propõe López até o fim de toda ação criminosa por parte das Farc que exigem Zuluaga e Ramírez.

As virtudes da paz foram corroboradas pelos colombianos na reta final desta campanha na qual as Farc e o Exército de Libertação Nacional (ELN), o segundo maior grupo guerrilheiro do país, declararam um cessar-fogo unilateral entre os dias 20 e 28 de maio para não interferir nas eleições de amanhã.

Esta medida permitirá que pela primeira vez em mais de três décadas os colombianos possam votar sem medo de ataques ou atentados ao processo eleitoral que caracterizaram as últimas oito eleições presidenciais.

Salvo incidentes como uma tentativa das Farc de derrubar torres de energia no departamento de Antioquia no meio da semana e um ataque com explosivos que não deixou vítimas hoje em Unión Peneya, os dias prévios às eleições não registraram maiores incidentes

De todas as formas, o governo iniciou o habitual “Plano Democracia” que inclui a mobilização de 246 mil policiais e militares para garantir a segurança em centros de votação e estradas.

Um total de 32.975.158 eleitores colombianos estão habilitados para votar amanhã em 89.389 mesas instaladas em 10.642 postos de votação, segundo o Cartório Nacional de Estado Civil, organismo encarregado da logística eleitoral.

Os colégios eleitorais abrirão às 8h locais (10h de Brasília) e fecharão às 16h (18h), e a expectativa é que, três horas após o fim do pleito, 90% dos votos já estejam apurados. EFE

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