G77 reivindica protagonismo em cúpula de consensos e causas particulares

  • Por Agencia EFE
  • 16/06/2014 01h12
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Santa Cruz (Bolívia), 15 jun (EFE).- O Grupo dos 77 (G77) + China, um dos maiores blocos de países dentro da ONU, reivindicou neste domingo na Bolívia seu protagonismo internacional em uma cúpula que colocou em destaque grandes acordos, mas que também serviu de plataforma para defender causas particulares de algumas nações.

A erradicação da pobreza, a luta contra a desigualdade, as críticas a uma economia orientada ao lucro e o direito universal aos serviços básicos incitaram o acordo dos participantes, liderados por presidentes, primeiros-ministros e altos funcionários.

A declaração da cúpula, de 242 pontos, incluiu também a defesa da soberania das nações sobre seus recursos naturais, a importância de tornar mais leve o peso da dívida externa e a necessidade de um maior compromisso internacional perante os efeitos da mudança climática.

Na reunião, realizada no fim de semana em Santa Cruz (no leste da Bolívia) se reuniram representantes de países que representam dois terços da relação da ONU, cerca de 60% da população mundial e que representam, em boa medida, a voz das nações em desenvolvimento e emergentes, além da potência asiática.

Entre os latino-americanos, além do presidente anfitrião, Evo Morales, estiveram os da Venezuela, Nicolás Maduro; Cuba, Raúl Castro; Argentina, Cristina Kirchner; Equador, Rafael Correa; Peru, Ollanta Humala; El Salvador, Salvador Sánchez Cerén; Uruguai, José Mujica; e Paraguai, Horacio Cartes.

Os pontos da declaração formam a que se apresentou como a agenda global posterior a 2015, que deve substituir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) impulsionados pela ONU.

Para conseguir o progresso desejado por estes países, a Secretária-Geral Ibero-Americana, Rebeca Grynspan, ressaltou que é essencial impulsionar de forma simultânea os três pilares do desenvolvimento sustentável: o econômico, o ambiental e o social.

“O objetivo é que todos (os países) cheguem à mesma matriz de políticas”, sustentou, em entrevista à Agência Efe, Rebeca, presente na cúpula em qualidade de observadora.

Mas junto aos acordos e consensos, o fórum também serviu de palco para a defesa de causas específicas de alguns dos países presentes, que fizeram ouvir suas críticas, exigências ou pedidos ao mundo.

A Venezuela, com suas queixas ao que classifica de “ingerência” dos Estados Unidos perante a crise que deixou no país um saldo oficial de 42 mortos e mais de 800 feridos, recebeu o maior respaldo nos dois da cúpula, com expressões de apoio do líder cubano, Raúl Castro, do equatoriano Rafael Correa e do anfitrião, Evo Morales.

Seu presidente, Nicolás Maduro, denunciou em reunião com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, presente na reunião, a existência de “uma mão americana” após a crise e os protestos sociais que seu país enfrenta, o que segundo sua opinião representa “um atentado” contra a soberania e a estabilidade da Venezuela.

Outros que expuseram assuntos que afetam de modo particular seus países foram a presidente argentina, Cristina Kirchner, que pediu ao grupo que condene a atuação dos fundos de investimento especulativos que compram dívida externa e “estrangulam o crescimento dos países”, como ocorre, segundo ela, em seu país.

O cubano Raúl Castro condenou a “absurda” inclusão de seu país na relação de países que, segundo os EUA, patrocinam o terrorismo internacional e criticou o que qualificou de “bloqueio americano genocida” imposto à ilha caribenha.

Os presentes também escutaram pedidos como os do presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, que pediu aos EUA e à União Europeia (UE) que retirem as “sanções ilegais”, como as qualificou, a seu país.

Durante a cúpula, que comemora o 50º aniversário do nascimento do bloco, houve também espaço para escutar mensagens como a do vice-presidente da Assembleia Nacional Popular da China, Chen Zhu, que pediu ao G77 que lembre às nações ricas o princípio de responsabilidade comum e diferenciada sobre a mudança climática e que devem cooperar com as nações em desenvolvimento para enfrentá-la.

E com um enfoque diferenciado do conjunto, como nele é frequente, o presidente do Uruguai, José Mujica, chamou a atenção dos presentes sobre a “cultura do desperdício” vigente no mundo industrializado ocidental.

“Se nos formamos na cultura do desperdício necessário para que o capitalismo continue acumulando (…), se continuarmos nessa armadilha, é possível que alcancemos desenvolvimento material, mas não alcançaremos desenvolvimento humano”, advertiu Mujica. EFE

jsm/ma

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