Gâmbia quer conquistar turistas do sul da Europa com suas cores e cheiros

  • Por Agencia EFE
  • 18/07/2015 16h07

Carmen Clara Rodríguez.

Redação Internacional, 18 jul (EFE).- O porto de marítimo de Banjul ao amanhecer adquire um ritmo frenético. Os gambianos realizam muitas de suas atividades comerciais ao longo do rio Gâmbia, que é a vértebra deste país do oeste da África.

Homens que arrastam uma vaca que resiste a entrar na embarcação, mulheres usando chamativos vestidos, carros com frutas. Tudo vai se acomodando no ferry, que minutos depois sulca as águas em uma viagem de Banjul a Barra, que leva cerca de 45 minutos.

Em seguida uma estrada asfaltada e em algumas vezes pistas de areia levam até Jufureh, uma zona rural às margens do rio, que faz parte dos enclaves turísticos deste país.

Jufureh abriga o museu do escravo. 30 quilômetros rio adentro fica a ilha Kunta Kinteh, Patrimônio da Humanidade, onde os portugueses primeiro e os ingleses depois reuniam escravos para levá-los para a América.

“Hoje em dia sobraram as ruínas do antigo forte”, comentou Steven, um nativo encarregado de mostrar as dependências à Agência Efe.

A ilha reunia a necessidades dos traficantes de escravos, as embarcações podiam sondar e poucos se aventuravam a resgatar seus semelhantes.

“Os escravos mais fortes eram fechados em celas isoladas, não podiam sair e quando muito recebiam alimento; era preciso debilita-los para evitar rebeliões a bordo” acrescentou Steven, que conta que “a cada duas semanas chegavam navios para carregar escravos. O tráfico era contínuo”.

A Gâmbia, um dos países mais pobres do continente africano tenta recuperar o turismo perdido para o ebola, doença que na verdade nunca entrou no país.

O presidente do Conselho de Cultura e Turismo, Bunama Njie, afirmou à Efe que a Gâmbia tem o objetivo “de alcançar um milhão de turistas até 2020”.

“Estamos desenvolvendo o turismo ecológico, o turismo de gente que quer viajar para respirar, além dos clássicos tour operadores” acrescentou Njie.

Na estação verde, a época de chuvas que vai de maio a outubro, o turismo diminui consideravelmente e os preços caem 30%.

“É uma época ideal para visitar o país. Não chove mais de uma hora e depois dela as cores e os cheiros são intensos, valem a pena” concluiu Njie.

“Queremos que os países do sul da Europa nos visitem nesta época do ano, que coincide com o período de férias do hemisfério norte”, explicou.

Sandale Eco-Retreat and Learning Center é um exemplo de turismo ecológico. A três quilômetros da aldeia de Kartong, ocupa 25 hectares de floresta tropical que terminam em uma imensa praia de areia branca.

O hotel e o centro de estudos empregam direta ou indiretamente 70% dos habitantes de Kartong, que depois de 25 anos assumirão a propriedade da Sandale Eco.

O galego Pablo Pereira e gambiano Gilbert Jassey são os encarregados do hotel e das atividades, que incluem ioga e meditação.

“É uma região ideal para descansar e contemplar as aves, centenas de pássaros vivem nas árvores, e o observatório de Kartong é um dos melhores da Gâmbia”, disse Jassey.

Ao entardecer as barcas de intensas cores que saíram para trabalham retornam ao porto de Tanji.

A pesca é levada para a terra, mulheres com baldes na cabeça oferecem o pescado, outra parte dos peixes descansam sobre mesas de madeira, as gaivotas disputam as vísceras e o cheiro de lenha se mistura com o de salitre.

Em pequenas dependências alguns homens arrumam o pescado para enviá-lo para outras partes do país.

No muro do local de secar de pescado há uma pintura que alude ao FC Barcelona. Gâmbia “the samiling coast”, um país de 1,8 milhão de habitantes e com expectativa de vida de 58 anos, vibra com o futebol espanhol ao som dos tambores.EFE

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