Gani o tecnocrata discreto que entende a linguagem do Ocidente

  • Por Agencia EFE
  • 03/04/2014 17h24

Cabul, 3 abr (EFE).- Ashraf Gani Ahamdzai tem um considerável passado acadêmico e profissional nos Estados Unidos e na Ásia, o que lhe permite “entender a linguagem da comunidade internacional”, um aspecto fundamental caso chegue à presidência do Afeganistão.

Nascido em Logar, em 1949, Gani é um tecnocrata que fez carreira no Banco Mundial e que voltou ao seu país após passar metade da vida longe dele para se envolver na transição afegã, que começou com a invasão liderada pelos Estados Unidos e a queda dos talibãs.

Membro de uma destacada família pashtun, Gani fez parte da primeira equipe de assessores do então desconhecido Hamid Karzai e foi levado ao Ministério das Finanças no primeiro executivo de transição, desde que assumiu o desafio de reconstruir um país arrasado.

Após as primeiras eleições presidenciais de 2004, este doutor em Antropologia pela Universidade de Columbia abandonou temporariamente a primeira linha da política, se refugiou discretamente no âmbito acadêmico e foi reitor da Universidade de Cabul.

Gani se candidatou à eleição presidencial em 2009, quando conseguiu um modesto quarto lugar com cerca de 3% dos votos, mas, como dizem em sua equipe, “agora tem todas as chances de ganhar e sente muito o apoio popular para sua candidatura”.

Para conquistar esse apoio, os assessores de Gani trabalharam duro para romper sua imagem excessivamente acadêmica e intelectual e aproximá-lo do eleitorado com um frenético programa de viagens pelos país, apesar dos evidentes riscos de segurança.

Com um programa focado na necessidade de lutar contra a corrupção que invadiu todas as instâncias da administração afegã, o ex-ministro foi muito menos claro em seus planos para pacificar o país e conseguir um mínimo de consenso político.

Como acontece com outras candidaturas, a de Gani incluiu em sua equipe nomes de outras etnias, embora sua chapa tenha sido uma das mais controvertidas, por ter feito uma dobradinha com Rashid Dostum, general uzbeque acusado de crimes de guerra.

O candidato presidencial saiu pela tangente de polêmicas dizendo que a reconciliação deve incluir todos os atores do conflito que assola o Afeganistão há décadas, mas vários analistas veem nessa aliança a evidência de que, como seus rivais, Gani deve buscar votos fora do eleitorado pashtun para chegar à vitória.

Embora não conte com o apoio do atual presidente, que parece tender mais por outro de seus ex-ministros, Zalmai Rasul, Gani se mostra como o mais indicado para dialogar com a comunidade internacional, ainda imprescindível para o futuro do Afeganistão. EFE

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