Gazprom introduzirá pré-pago a partir do dia 16 se Ucrânia não saldar dívida

  • Por Agencia EFE
  • 12/06/2014 14h30
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Moscou, 12 jun (EFE).- A corporação gasística da Rússia, Gazprom, advertiu a Ucrânia nesta quinta-feira que se o pagamento da dívida que o país tem com a empresa não for feito, aplicará a partir do próximo dia 16 o sistema de pagamento antecipado para a provisão de gás.

“A Gazprom precisa ver em sua conta US$ 1,951 bilhão antes das 10h da manhã de 16 de junho. Caso contrário, introduziremos o regime de pré-pago”, ameaçou Alexei Miller, presidente da Gazprom à imprensa local.

US$ 1,451 bilhão corresponde à fatura do gás russo importado por Kiev em dezembro e novembro de 2013 e os outros US$ 500 milhões pelo gás recebido entre abril e maio deste ano.

Miller tachou de “chantagem” a postura ucraniana de se negar a pagar o preço definido pela Rússia, e ressaltou que não haverá mais adiamentos para o pagamento da dívida.

“A parte russa já fez várias concessões à Comissão Europeia e adiou o sistema de pagamento antecipado. Já não haverá mais adiamentos. Somente no dia de hoje fornecemos à Ucrânia sem pagar 11,15 bilhões de metros cúbicos. Esse é o progresso conseguido durante as conversas”, assegurou.

O presidente da empresa explicou que o pré-pago não representa nenhuma restrição às provisões, mas que a Ucrânia receberá tanto gás quanto pagar. “Se não pagar nenhum volume, então a provisão de gás à Ucrânia será zero”, disse.

Caso se introduza esse novo sistema de pagamento, a Gazprom fornecerá aos seus clientes europeus o volume de gás que necessitam, como é feito agora. Mas rechaçou a possibilidade de a Ucrânia revender o gás russo à União Europeia, ao considerar que Kiev quer se aproveitar da Gazprom.

Ele garantiu que os planos da Polônia e Hungria de fornecer gás de maneira inversa à Ucrânia para reduzir sua dependência do gás russo se contradizem com os contratos assinados entre a Gazprom e a corporação estatal ucraniana Naftogaz.

Rússia e Ucrânia retomaram ontem as negociações, mediadas pelo comissário europeu de Energia, Gunther Oettinger, mas sem que nenhuma das partes tenha cedido em na posição inicial.

As conversas foram reiniciadas depois de o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk, anunciar que o país rejeitou uma oferta de Moscou de reduzir em US$ 100 o valor de cada mil metros cúbicos de gás natural.

Yatseniuk insistiu hoje que seu governo quer revisar o contrato assinado pela Naftogaz com a Gazprom em 2009, pelo qual desde princípio de abril paga US$ 485 por mil metros cúbicos, o preço mais alto pago por um país europeu.

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, advertiu ontem a Ucrânia que deve aceitar o desconto de US$ 100 sem questionamento.

“Achamos que nossas ofertas são mais que amistosas, focadas em apoiar a economia ucraniana em tempos difíceis. Mas se elas são rechaçadas, então passaremos para outra fase totalmente distinta, o que não é nossa preferência”, disse.

O novo presidente ucraniano, Petro Poroshenko, advertiu que a Ucrânia aspira à “independência energética” e não pagará “os preços de loucura” exigidos pela Gazprom.

A UE está especialmente interessada na solução deste conflito porque importa da Rússia 40% do gás que consome e a metade desse volume chega ao território comunitário através de gasodutos ucranianos. EFE

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