Gestões anteriores deixaram “herança impagável”, diz presidente da Unimed Paulistana
Em entrevista a Jovem Pan, o presidente da Unimed Paulistana criticou a Agência Nacional de Saúde e transferiu a responsabilidade da crise a gestões anteriores na operadora de saúde. Marcelo Nunes, que assumiu em abril de 2015, reconheceu que a migração sairá mais cara aos antigos clientes.
“Existiam em torno de 720 mil usuários. Acreditamos que aproximadamente 300 mil já migraram. Existe essa dificuldade porque a decisão da ANS ocorreu no pior momento e da pior forma possível”, disse.
Para ele, o papel da Agência Nacional da Saúde deveria estar voltada à proteção do usuário. “Esta medida da ANS beneficiou algum usuário? Não. Essa medida deveria ter sido tomada há quatro ou cionco anos, não foi e isso tem que ser investigado”.
Atualmente, usuários vêm encontrando dificuldades em se alocar em outras empresas, que estão oferecendo planos similares, mas a valores mais altos. “O que a ANS apresentou como solução trouxe mais malefícios ao usuário do que qualquer benefício”, relatou.
O presidente da operadora de saúde questionou ainda a postura da ANS, que deu a oportunidade para que a gestão anterior continuasse atuando, mesmo que sem cumprir os planos de recuperação apresentados. “Desta vez, em três meses, que assumimos e apresentamos um plano factível, eles tomaram essa decisão. Isso tudo é muito estranho e merece ser alvo de investigação, como já está sendo”.
Marcelo avaliou irregularidades das gestões anteriores e o aval da Agência Nacional de Saúde. “Se foi ilegal ou não, as autoridades têm que concluir. O que foi feito foram coisas inadequadas em termos de gestão. Uma empresa não pode ter um prejuízo de milhões de reais todos os meses consecutivos há dois anos e as pessoas acharem que isso é normal”.
Ele ressaltou ainda que somente as investigações policiais e do Ministério Público vão elucidar o que aconteceu na operadora de saúde. “A gente tem até hoje os ex-dirigentes da Unimed afirmando que entregaram a empresa, no final de março, absolutamente ajustada, e isso é uma mentira. Ou estão mentindo ou estão enganados quanto a empresa que dirigiam. O tamanho da dívida que foi deixada para nós como herança é impagável”, finalizou.
No Termo de Ajustamento de Conduta entre o Sistema Unimed, a Agência Nacional de Saúde, Procon e os Ministérios Públicos Federal e Estadual, as três operadoras teriam 20 dias para enviar informações sobre os planos aos clientes. O prazo termina na próxima semana, com transferência dentro de 30 dias.
*Informações do repórter Marcelo Mattos
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