González deixa Venezuela após não ser autorizado a visitar opositores presos
Caracas, 9 jun (EFE).- O ex-presidente do governo da Espanha Felipe González deixou nesta terça-feira a Venezuela depois de as autoridades não permitirem que ele visitasse na prisão e nem comparecesse aos julgamentos dos opositores detidos no país, disseram à Agência Efe fontes diplomáticas.
González saiu do aeroporto de Maiquetía, em Caracas, por volta das 11h20 locais (12h50 em Brasília), rumo a Bogotá, na Colômbia.
Juan Carlos Gutiérrez, advogado do opositor Leopoldo López, explicou à Efe que González pediu para visitar o líder do partido Vontade Popular na prisão de Ramo Verde. O ex-presidente do governo espanhol também pretendia ir à prisão de San Juan dos Morros, a cem quilômetros de Caracas, para ver o ex-prefeito de San Cristobal Daniel Ceballos, com quem já está colaborando.
Além disso, González solicitou assistir ao julgamento de López, prevista para quarta-feira, e à audiência preliminar do caso de prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, que ocorreria hoje, mas acabou suspensa.
Antes, o político espanhol tinha pedido participar como advogado de ambos os opositores, algo negado pelas autoridades venezuelanas.
Ambas as requisições – visitar os opositores nas prisões e assistir aos julgamentos – não receberam resposta oficial nem por parte do Executivo nem do Judiciário venezuelanos. Por isso, González decidiu não confrontar as decisões, afirmou Gutiérrez.
“Foram apresentados todos os documentos para que as autoridades permitissem que ele fosse ao julgamento e que pudesse ingressar nas prisões, mas não se obteve resposta oficial por escrito. Me parece correta a postura de González de manter uma linha de respeito institucional às autoridades da Venezuela”, afirmou o advogado.
Gutiérrez disse que tanto ele como González não descartam que o ex-presidente do governo retorne à Venezuela se as autoridades permitirem que ele compareça aos julgamentos ou visite os presos.
“Ele não quer um confronto com o governo, não quer infringir a lei. Mas não existe nenhuma limitação jurídica para que ele não possa assistir ao julgamento como público, só a capacidade da sala”, destacou.
Já o advogado de Ledezma, Omar Estacio, também revelou a vontade de González de retornar à Venezuela assim que o governo permitir o acesso aos opositores presos.
O ex-dirigente socialista espanhol chegou a Caracas no último domingo e se reuniu desde então com as famílias dos presos e dirigentes da aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD).
López e Ceballos são acusados de envolvimento com ações violentas praticadas durante os protestos antigovernamentais de 2014. Já Ledezma é acusado de conspiração e formação de quadrilha.
Além disso, ontem entregou ao jornalista venezuelano Teodoro Petkoff o prêmio de jornalismo Ortega y Gasset que González recebeu em seu nome em abril, em Madri. EFE
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