Google News fecha na Espanha devido a nova legislação do país
Madri, 16 dez (EFE).- O serviço Google News, com mais de 70 edições internacionais e 35 idiomas, fechou na Espanha nesta terça-feira por se negar a pagar aos veículos de imprensa do país pelo uso de seu conteúdo na internet, de acordo com a nova Lei de Propriedade Intelectual espanhola.
O Google cumpriu assim a promessa feita no dia 11 de dezembro e explicou que “lamenta ter de informar que o Google News fechou na Espanha”.
“Compreendemos que usuários como você possam estar descontentes com esta nova situação e por isso queremos explicá-lo as razões pelas quais tomamos esta decisão”, afirma a empresa.
A Lei de Propriedade Intelectual, que entrará em vigor no dia 1º de janeiro de 2015, obrigará os agregadores de notícias a pagar uma compensação às empresas jornalísticas quando usarem fragmentos de seu conteúdo.
A companhia americana argumenta que, “visto que o Google News é um serviço que não gera receita (não mostramos publicidade no site), esta nova abordagem é simplesmente insustentável”.
O motivo das desacordos entre os grandes meios de comunicação espanhóis e o Google se deve à “irrenunciável” obrigatoriedade da cobrança de uma taxa à empresa pelo uso do conteúdo. A nova lei é vista como “a mais restritiva” na Europa, segundo especialistas.
O ministro espanhol da Indústria, José Manuel Soria, afirmou nesta terça-feira que “nenhuma decisão deve ser tomada com caráter irreversível” e que o governo consultou editores de veículos de imprensa para fazer a legislação.
Soria, que classificou a decisão do Google como “legítima”, afirmou que o setor editorial precisará ver qual é o impacto de não dispor de uma ferramenta como o Google News e, enquanto não for considerado que passou tempo suficiente, “não haverá circunstâncias objetivas para adotar medidas adicionais”.
O ministro lembrou que as decisões não devem ser tomadas “com caráter irreversível” e disse que, “nos próximos meses, provavelmente haverá alguma evolução” sobre o fechamento do Google News.
O serviço de notícias do Google, que continua em funcionamento no restante do mundo, tem um formato específico para mostrar as informações em modo de “clipping” (resumo) de imprensa, com uma classificação rigorosa, ordenada e atualizada das manchetes dos jornais acompanhados por um breve fragmento sobre o conteúdo.
A legislação espanhola, em princípio, afeta somente o Google News, já que outras companhias que operam na Espanha, como Yahoo! Notícias e Terra, se sustentam em um modelo com publicidade e pagam às agências de notícias que fornecem as informações utilizadas.
As primeiras disputas entre editores e Google sobre este tema começaram na Bélgica, depois na França e posteriormente na Alemanha e no Brasil, mas foram apaziguadas em todos os casos porque os meios de comunicação são os mais prejudicados por estarem fora do Google News.
O serviço tem origens da época dos atentados contra as torres gêmeas do World Trade Center em 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos, quando um engenheiro do Google percebeu a falta de informação sobre os ataques quando eram utilizadas as palavras-chave do incidente no buscador.
Apesar do fechamento do Google News na Espanha nesta terça-feira, o usuário pode continuar acessar as informações dos veículos de comunicação pela página inicial do buscador, embora as notícias não sejam ordenadas como eram pelo serviço. EFE
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