Governadora da Carolina do Sul (EUA) pede retirada de bandeira confederada

  • Por Agencia EFE
  • 22/06/2015 20h05
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Washington, 22 jun (EFE).- A governadora da Carolina do Sul, a republicana Nikki Haley, pediu nesta segunda-feira a retirada da bandeira confederada do parlamento estadual após a polêmica sobre esse controvertido símbolo relacionado com o massacre em uma igreja da comunidade negra de Charleston na semana passada.

“Não vamos permitir que este símbolo nos divida mais. O fato de que seja usado para odiar, o fato de que doa em tanta gente, é suficiente para retirá-la dos jardins do Capitólio”, disse Haley em entrevista coletiva.

O parlamento do estado debaterá nas próximas semanas a retirada da bandeira confederada de sua sede, depois que 15 anos atrás, após um protesto de 46.000 pessoas, decidiu transferir o controvertido emblema da cúpula do Capitólio aos jardins.

A governadora deixou claro que, se os legisladores não tomarem a iniciativa, ela mesma convocará uma sessão parlamentar especial para abordar este assunto.

“Esta será uma decisão da Carolina do Sul. Para muitos fora daqui (esta bandeira) só é um símbolo do pior passado dos Estados Unidos. (…) Eu respeito os que pensam que este é um momento triste, porque a bandeira sempre será parte da alma do estado”, afirmou a republicana.

Em um emotivo discurso, Haley fez um balanço entre a lembrança do valor sentimental que a bandeira tem para muitos na Carolina do Sul e a mensagem de que a insígnia deve abandonar o Capitólio por respeito aos que se sentem ofendidos por sua presença.

“Esta bandeira, apesar de ser parte integral de nosso passado, não representa o futuro de nosso grande estado”, comentou Haley, nativo-americana e primeira governadora não branca do estado.

Centenas de pessoas pediram nos últimos dias a retirada da controvertida bandeira do parlamento da Carolina do Sul depois do massacre de quarta-feira passada em uma igreja de Charleston, no qual nove fiéis negros foram assassinados por um jovem branco.

O autor confesso do massacre, Dylann Roof, foi detido em um carro que tinha uma placa com a bandeira confederada e no sábado foram divulgadas fotografias nas quais posava com a insígnia.

“Tinha uma visão distorcida da bandeira”, comentou hoje Haley, para ressaltar que essa visão não é a que têm os vários cidadãos que apoiam a insígnia por “tradição e história”.

“Esses cidadãos a veem como um símbolo de respeito, integridade e dever, uma lembrança do serviço de nossos ancestres ao estado”, explicou a governadora, que se esforçou em deixar claro que qualquer um que queira hastear ou exibir a bandeira poderá continuar fazendo isso.

Com este passo, Haley quer diminuir polêmica sobre a bandeira, de dimensão nacional, e conseguir que “o centro da atenção voltem a ser as nove vítimas da tragédia”.

O massacre em Charleston trouxe à tona novamente o debate sobre um símbolo que divide os Estados Unidos desde sua Guerra Civil (1861-1865): a bandeira confederada, história e identidade para uns e emblema racista para outros.

O controvertido símbolo dos estados separatistas tremula no Capitólio da Carolina do Sul desde 1962, içada ao calor do ressurgimento que viveu como símbolo político a partir dos anos 50, em pleno movimento pelos direitos civis.

Centenas de cidadãos marcharam no sábado em Charleston e na capital do estado, Columbia, para pedir à governadora, a republicana Nikki Haley, que retire a bandeira do Capitólio

Há 15 anos, um protesto de 46 mil pessoas em Columbia conseguiu que a polêmica bandeira deixasse de estar no topo da cúpula do Capitólio e fosse transferida para os jardins do edifício, perto de um monumento à luta dos estados separatistas do sul na Guerra Civil dos EUA.

O debate sobre este controvertido símbolo é um assunto incômodo para os pré-candidatos republicanos à Casa Branca, que se posicionaram com extrema cautela sobre este assunto para não irritar o eleitor branco conservador do estado. EFE

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