Governo argentino diz estar “muito consolidado” para enfrentar “ataques”
Buenos Aires, 2 fev (EFE).- O governo argentino reiterou ser alvo de “ataques” especulativos, mas garante que está “muito consolidado” e que seu Banco Central tem reservas suficientes para enfrentar os sobressaltos cambiais.
“A presidente (Cristina Kirchner) exerce a liderança de um poder institucional muito consolidado”, afirmou o chefe de Gabinete, Jorge Capitanich, em entrevista publicada neste domingo pelo jornal “Tiempo Argentino”.
Após a forte desvalorização do peso argentino registrada em janeiro e os aumentos de preços que o governo tenta conter, Capitanich disse que o governo “está sozinho nesta briga”.
“Não observo nenhum ator político da oposição que defenda nossa posição a respeito da defesa do bolso dos consumidores. Também não observo de parte dos trabalhadores organizados apoio ao governo para cuidar os preços”, frisou.
Capitanich afirmou que o “arco opositor” é integrado por grupos midiáticos e econômicos concentrados que “promovem processos sistemáticos de agressão”.
“A perspectiva de enfraquecimento implica a possibilidade de influir nas decisões. Por isso ocorrem os golpes de mercado, os ataques especulativos, com o objetivo de estabelecer processos de desvalorização de ativos financeiros e reais”, disse.
Diante disso, assegurou, o governo “tem a força da legitimidade na origem de seus votos, a legalidade na construção do poder institucional e, por sua vez, a capacidade de decisão e de liderança política”.
“Tomamos a decisão de implementar uma política (cambial) de flutuação administrada para estabelecer uma prevenção sistêmica frente a ataques especulativos, com o objetivo de que o esquema seguinte seja conseguir competitividade das economias regionais, aumentar o volume de exportações”, declarou.
“A outra prioridade é que a variação da política cambial não afete os trabalhadores e os consumidores, e que tudo funcione com sustentabilidade monetária, fiscal e cambial”, acrescentou.
Para deixar a taxa de câmbio estável, em torno de 8 pesos por dólar, o Banco Central continua aplicando reservas no mercado de divisas.
Só em janeiro, a sangria de reservas foi de cerca de US$ 2,5 bilhões, para um total de US$ 28 bilhões, nível que não era registrado desde outubro de 2006, e economistas advertiram sobre a periculosidade desta tendência acelerada.
No entanto, para Capitanich o “nível de reservas na Argentina hoje é mais que suficiente”.
“Argentina tem 6,6% de desemprego, 6 milhões de novos postos de trabalho. Definitivamente, o crescimento do PIB, da produção, do emprego, é o que efetivamente é preciso sustentar através do tempo”, argumentou.
Para o chefe de Gabinete, nos próximos três anos a Argentina deve recuperar “o autoabastescimento energético”, “promover uma industrialização acelerada sobre a base da substituição de importações com a finalidade de garantir sustentabilidade na balança de divisas” e aumentar as exportações.
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