Governo boliviano diz que não irá investir em regiões onde a oposição ganhar
La Paz, 4 mar (EFE).- O vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, reiterou nesta quarta-feira a advertência de seu presidente, Evo Morales, de que o Executivo não fará investimentos nem promoverá obras nos lugares onde a oposição ganhar as eleições regionais e municipais em 29 de março.
“Vamos esperar para ver como serão as eleições. Se a força opositora ganhar, não vamos trabalhar com ela e esse projeto ficará no papel, meu irmão. Isso está claro”, afirmou discurso o vice-presidente, em resposta ao prefeito de uma comunidade indígena amazônica que pediu um hospital para o lugar.
Ele reforçou a advertência feita por Morales no fim de semana durante um ato de apoio a candidatos de seu partido. Nele, o presidente afirmou que não poderá trabalhar com o que ele classificou de “direita” e que só haverá obras na cidade andina de El Alto e no departamento de La Paz se os candidatos de seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), ganharem.
Membros da oposição, entre eles o senador Óscar Ortiz, criticaram a posição presidencial, que qualificaram como “chantagem” e reflexo de uma “atitude antidemocrática”.
Em seu discurso, Linera insistiu que “o governo nacional não vai trabalhar com nenhum opositor”, porque elas “só roubam, só mentem, só enganam”.
A dirigente nacional do MAS, Leonilda Zurita, também afirmou hoje, em declarações ao jornal “El Deber”, que “se a direita” ganhar de seu partido “em qualquer região, não haverá projetos”.
“As autoridades da oposição não prestam, por isso acreditamos que vamos ganhar em todo o território nacional com nossos candidatos e mostrar como é lindo ter presidente, governadores e prefeitos do MAS”, disse ela.
Por sua vez, a ministra de Comunicação, Marianela Paco, refutou em entrevista coletiva que Evo Morales seja “antidemocrático” ou “chantagista” por ter feito as advertências. Ela argumentou que em nove anos à frente do Executivo, Morales sempre convocou todas as autoridades para trabalhar, mas os opositores responderam com ações para dificultar o desenvolvimento e prejudicar as regiões.
A ministra sustentou que a oposição das cidades de Sucre, Trinidad, Riberalta, Santa Cruz e La Paz “bloquearam” e “rejeitaram” coordenar obras com o governo, e que inclusive houve casos de devolução de cheques de financiamentos de projetos.
“A experiência nos diz que a oposição obedece mais a seus caprichos e a seus interesses e não encara com sinceridade o pensando do povo”, opinou a ministra, que disse que as palavras de Morales não foram em tom de advertência, mas sim de “reflexão”.
Em enquetes divulgadas no mês passado, o partido do presidente ganharia em seis das nove regiões da Bolívia e perderia em três. Além disso, as últimas pesquisas não preveem uma contundente vitória da oposição na cidade de La Paz e na vizinha de El Alto, reduto tradicional do MAS. EFE
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