Governo britânico vai pagar mesmo subsídio da UE a produtores rurais após Brexit
O Tesouro do Reino Unido disse neste sábado que produtores rurais britânicos vão continuar recebendo do governo, até 2020, o mesmo valor em subsídios que recebem da União Europeia, caso o país tenha deixado o bloco. Este é o primeiro grande comprometimento de gastos do ministro de Finanças, Philip Hammond, que foi nomeado para o cargo no mês passado. O governo também vai assumir a conta dos recursos da UE que seriam direcionados ao desenvolvimento econômico e pesquisa científica no país, disse o Tesouro em comunicado.
Um porta-voz disse que o Reino Unido recebe atualmente cerca de 4,5 bilhões de libras esterlinas (US$ 5,8 bilhões) ao ano em subsídios agrícolas e os chamados fundos estruturais para desenvolvimento econômico, e mais 1 bilhão de libras em recursos para pesquisa. Segundo ele, o valor final vai depender de outros projetos de que o país venha a participar até sua eventual saída da UE.
Com o anúncio, o Tesouro pretende tranquilizar produtores rurais, universidades e regiões mais pobres do Reino Unido, que temem perder a ajuda assim que o país deixar o bloco. A data de saída ainda não foi definida, mas a primeira-ministra Theresa May sinalizou que pretende iniciar em 2017 negociações que devem durar dois anos. Isso significa que o Reino Unido pode deixar a UE já em 2019, mas as negociações podem levar mais tempo.
O anúncio também tem como objetivo reduzir parte das incertezas que, segundo economistas, estão afetando a economia. De acordo com Hammond, o governo está “determinado a garantir que as pessoas tenham estabilidade e segurança durante o período anterior à nossa saída da UE”.
Ainda não se sabe que medidas o governo terá de adotar para subsidiar a agricultura e apoiar regiões mais carentes e pesquisa após os prazos estipulados.
O Instituto de Estudos Fiscais, de Londres, acredita que o fraco crescimento econômico nos próximos anos pode reduzir a arrecadação de impostos, abrindo um rombo nas contas do governo. Esse rombo seria bem maior do que a economia feita pelo Reino Unido ao não contribuir com o orçamento da UE. A contribuição do país para o orçamento do bloco é de aproximadamente 8,5 bilhões de libras esterlinas ao ano, já descontado o montante que recebe de volta em subsídios e outros recursos.
Hammond já descartou a meta de seu predecessor de zerar o déficit fiscal até 2020, e alguns economistas dizem que o governo precisa afrouxar ainda mais a política monetária para dar suporte à economia.
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