Governo colombiano diz que há “sérias possibilidades” do conflito terminar

  • Por Agencia EFE
  • 22/08/2014 17h22
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Havana, 22 ago (EFE).- O chefe da delegação governamental colombiana que negocia a paz com as Farc, Humberto de la Calle, afirmou nesta sexta-feira que o processo está entrando em “momentos decisivos” e que há “possibilidades sérias” do conflito terminar.

De la Calle disse estas palavras em uma declaração lida perante a imprensa para dar por concluído o 27° ciclo de conversas de paz, que começou em 12 de agosto e se centrou no ponto referente à reparação às vítimas.

Segundo uma fonte próxima à negociação, pela primeira vez desde que uma equipe técnica iniciou o diálogo em novembro de 2002, selecionada pelo governo e conformado principalmente por altos comandantes militares, participou hoje das reuniões e sentou tête-à-tête com os guerrilheiros, com os quais “intercambiou documentos”.

O objetivo desta equipe é avançar no seguinte ponto do roteiro sobre o cessar-fogo definitivo, fim de hostilidades e entrega de armas.

De la Calle precisou que ainda não está negociando esse extremo, mas estão se limitando a preparar “possíveis mecanismos futuros que só entrariam em vigor no momento em que chegarmos a um acordo final”.

O ex-vice-presidente da Colômbia destacou a especial transcendência deste ciclo, já que pela primeira vez contou com a presença na mesa de negociação de Havana tanto de vítimas, como acadêmicos independentes e militares em ativo, através de suas respectivas comissões.

“O início destes três mecanismos procura dinamizar os tempos da Mesa e conseguir avançar em acordos para a terminação definitiva do conflito armado”, ressaltou.

“Para pôr fim ao conflito, as partes enfrentadas devem discutir os procedimentos para encerrar a guerra, como para que as Farc façam seu trânsito para a vida civil sem armas e com garantias de segurança para eles, mas também para todos os colombianos (…) e em particular para as comunidades das regiões”, precisou.

Para avançar nessa discussão, De la Calle indicou que “por razões óbvias” é necessária a presença de militares e policiais ativos, algo que aconteceu “em todos os processos de paz sérios e bem-sucedidos do mundo”.

O líder de delegação também se referiu à Comissão Histórica sobre o Conflito e suas Vítimas, que foi instaurada na quinta-feira, com a presença de “12 analistas do mais alto nível acadêmico” e dois relatores que elaborarão um relatório final “objetivo”, que mostre “a riqueza e a pluralidade das visões”, disse.

Esta comissão não contará nem com os testemunhos de vítimas e nem estabelecerá responsabilidades individuais, já que seu trabalho “não substitui e nem pré-determina” o de uma futura Comissão da Verdade, que seria criada depois do fim do conflito.

De la Calle afirmou que a verdade é um “direito” de todos os colombianos, especialmente das vítimas, e “inegociável”, mas “não há uma verdade única” do conflito.

“Como delegados do governo, representamos todos os colombianos e é nosso dever assegurar que essa riqueza de visões seja refletida nestes trabalhos que serão elaborados com total independência e autonomia”, assegurou.

Neste ciclo de conversas, também participou pela primeira vez desde o início do diálogo em novembro de 2012 um grupo de vítimas, tanto das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), como do Estado, os paramilitares e outros grupos armados.

O diálogo será retomado no começo de setembro. EFE

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