Governo de Hong Kong desafia protestos e prossegue com reforma

  • Por Agencia EFE
  • 07/01/2015 11h29

Hong Kong, 7 jan (EFE).- O governo de Hong Kong deu nesta quarta-feira mais um passo no plano de reforma política para as eleições de chefe de governo de 2017 em sintonia com a proposta colocada pela China de vetar a livre seleção de candidatos pelos cidadãos, o que provocou a enorme onda de protestos pró-democracia no território nos últimos meses de 2014.

A número 2 do governo de Hong Kong, Carrie Lam, iniciou nesta quarta-feira a segunda rodada do processo, uma consulta popular sobre os métodos eleitorais para a seleção de chefe do executivo.

No entanto, Lam deixou claro que será um comitê formado por 1.200 membros (selecionados pelo governo chinês) que decidirão quem poderá se candidatar às eleições de Hong Kong.

A decisão, tomada em 31 de agosto pelo Comitê Permanente da Assembleia Nacional Popular (CPANP), foi o estopim para a que ficou conhecida como “Revolução dos guarda-chuvas”, os maiores protestos pró-democracia já vividos em Hong Kong contra a intervenção chinesa no suceder político da cidade.

As manifestações explodiram no dia 29 de setembro, com centenas de milhares de cidadãos saindo às ruas, e duraram mais de dois meses.

“O desenvolvimento constitucional deve ser construído sobre a base da Lei Fundamental (a Constituição de Hong Kong) e a decisão do CPANP, caso contrário seria inútil e pouco prático”, disse Lam durante o anúncio da consulta popular nesta quarta-feira no Conselho Legislativo de Hong Kong.

As propostas colocadas por Lam se baseiam no processo de nomeação dos pré-candidatos, mas não dará poder aos eleitores para vetar os futuros candidatos, que serão pré-selecionados pelo comitê controlado por Pequim.

Em seu discurso no Conselho Legislativo – parlamento – Lam insistiu que a oportunidade de escolher o chefe do Executivo por votação popular em 2017 é “uma oportunidade que não pode ser perdida” e “a única maneira de criar uma” base sólida para uma maior democratização”.

Logo após a conferência, os 24 parlamentares do Partido Pandemocrático abriram guarda-chuvas amarelos – símbolo dos protestos do movimento pró-democracia Occupy – enquanto deixaram o plenário cantando “queremos o sufrágio universal autêntico”.

A terceira etapa desta reforma eleitoral, que começará na primavera, será decisiva para realizar a proposta do governo de iniciar o sufrágio universal em Hong Kong, mas restringindo a livre escolha de candidatos.

Em menos de três meses, a proposta de reforma política deverá ser aprovada pelo parlamento de Hong Kong, onde precisa de dois terços dos votos dos parlamentares.

Lam reconheceu nesta quarta-feira, em entrevista coletiva, a diculdade que será enfrentada pela reforma no parlamento, ainda mais agora que os partidos mais liberais já mostraram sua negativa a aprovção da abordagem do governo.

O governo chinês advertiu que se a reforma não for aprovada pelo Conselho Legislativo, a proposta de reforma política colocada para Hong Kong para as eleições de 2017, a primeira realizada desde que a ex-colônia britânica passou a ser administrada pela China, ficaria congelada para as eleições de 2017.

Essa decisão impossibilitaria os cidadãos de poderem votar pela primeira vez para chefe de governo, embora este seja eleito através de um seleto comitê pró-China. EFE

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