Governo de transição de Burkina Fasso realiza 1ª reunião após fim do golpe
Ouagadogou, 25 set (EFE).- O governo de transição de Burkina Fasso, liderado pelo presidente, Michel Kafando, e o primeiro-ministro, Isaac Zida, se reuniu nesta sexta-feira pela primeira vez em Ouagadogou, dois dias depois que os militares golpistas renunciaram ao poder.
O encontro aconteceu no palácio presidencial, lugar onde habitualmente são realizadas as reuniões do governo de transição e que nesta ocasião estava protegido por um dispositivo de segurança muito maior do que o habitual devido à excepcionalidade da situação.
A vida em Ouagadogou quase voltou à normalidade graças à reabertura da maioria dos comércios e bancos, que hoje estavam abarrotados de clientes que queriam conseguir algo de efetivo para suas compras.
Após dois dias de muita tensão pelo medo a enfrentamentos entre os militares golpistas e os elementos leais ao Exército regular, o povo pôde voltar às ruas para retomar seus negócios e rotinas diárias.
No entanto, os burquinenses não estão tranquilos, já que o acordo ao qual se chegou é provisório e poderia ser rompido de novo.
“Me pergunto o que ocorrerá se depois do prazo dado aos golpistas para se desarmar, eles não cumprirem”, explicou à Agência Efe Adama Touré, que trabalha em um restaurante da capital.
As eleições legislativas e presidenciais, previstas para 11 de outubro, foram adiadas e serão realizadas em 22 de novembro no mais tardar, embora ainda haja pontos de divergência nas negociações.
Organizações da sociedade civil, partidos políticos e cidadãos se mostraram contrários à anistia para os organizadores do golpe, algo que foi apoiado pelos líderes regionais para carimbar o acordo.
Em 16 de setembro, uma reunião de governo similar foi interrompida por um grupo de militares que, após deterem o presidente e o primeiro-ministro, declararam o fim do governo de transição e nomearam o general Gilbert Diendéré, aliado do ex-presidente Blaise Compaoré, novo líder de transição.
Por trás do golpe de estado, secundado pelo Regimento de Segurança Presidencial (RSP), estava a intenção do novo governo de dissolver o corpo -uma unidade de elite cuja função principal era proteger Compaoré- e a recusa à participação nas eleições de antigos aliados do ex-presidente, deposto em 2014.
Após dias de confusão, o que ficava do governo de transição ordenou ao Exército regular que se mobilizasse e fosse a Ouagadogou com o objetivo de desarmar o RSP, que conta com cerca de 1,3 mil soldados.
A pressão do Exército e as intensas negociações de países como o Senegal e Benin, respaldados pelos Estados Unidos e França, conseguiram que os militares golpistas renunciassem à intenção de reter o poder até as eleições e ajudassem na restauração do governo civil. EFE
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