Governo do Burundi diz que perseguirá golpistas
Bujumbura, 13 mai (EFE).- O governo do Burundi anunciou nesta quarta-feira que as forças de segurança do país perseguirão os autores do “fantasioso” golpe de Estado contra o presidente Pierre Nkurunziza, a quem milhares de manifestantes exigiram nas últimas semanas que não prolongue seu mandato.
“Foi um golpe de Estado fantasioso”, disse a presidência em comunicado no qual desmentiu o sucesso de uma ação militar que, conforme anunciado poucas horas antes por um general do exército burundinês, tinha deposto Nkurunziza.
“A presidência da República anuncia à opinião pública tanto nacional como internacional que esta tentativa de golpe de Estado foi frustrado”, disse o governo do país africano em sua primeira reação oficial após o anúncio do golpe.
Segundo o texto presidencial, “as pessoas que divulgaram esse comunicado nas rádios serão perseguidas pelas forças de Defesa e Segurança para serem levadas à justiça”.
O presidente burundinês pediu à população do Burundi e aos estrangeiros residentes no país para que “mantenham a paz e a serenidade”.
“Tudo será feito de modo que seja mantida a segurança em todo o território nacional”, afirmou.
O anúncio da derrubada de Nkurunziza tinha sido feito pelo general do exército Godefroid Niyombare horas antes, em uma rádio tomada pelos militares.
Niyombare alegou falar em nome de um “comitê temporário para o restabelecimento da concórdia nacional” integrado pelo exército e a sociedade civil com a missão, segundo ele, de restabelecer “a união nacional”.
“O presidente Pierre Nkurunziza foi cassado de suas funções. O governo foi dissolvido. As secretarias permanentes dos ministérios garantirão seu funcionamento”, declarou o general, sem informar se será constituído um governo de transição.
Niyombare anunciou a destituição do chefe de Estado “pelo bem da nação” e “após observar com desolação a violência e o cinismo que caracterizam Pierre Nkurunziza”.
O anúncio foi feito enquanto Nkurunziza fazia uma visita a Dar-es-Salam, capital comercial da Tanzânia, para participar de uma reunião com os chefes de Estado da Comunidade da África Oriental (EAC, na sigla em inglês) para buscar uma solução para a crise no Burundi.
Após o anúncio do exército, aconteceu um tiroteio entre os militares que apoiam o general Niyombare e os soldados que se mantêm fiéis ao presidente. Além disso, um grande número de burundineses invadiu o centro da capital, Bujumbura, para comemorar a suposta cassação do presidente. Já outros se mostraram prudentes e duvidam da eficácia do golpe.
A ação militar anunciada hoje ocorreu após semanas de violentos protestos que levaram às ruas milhares de burundineses contra a decisão do hutu Nkurunziza de tentar um terceiro mandato nas eleições de junho, o que uma grande parte da população e da oposição considera ilegal.
A candidatura de Nkurunziza despertou preocupação em grande parte da população burundinesa – pertencente fundamentalmente à outra etnia majoritária do país, os tutsi -, que há apenas uma década saiu de uma longa guerra civil (1993-2005). EFE
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