Governo do Mali acusa rebeldes de violar acordos de paz
Idrissa Diakite
Bamaco, 19 mai (EFE).- O ministro da Defesa do Mali, Soumeylou Boubèye Maïga, acusou nesta segunda-feira os rebeldes tuaregues de Kidal de ter violado os acordos de paz de Ouagadougou, enquanto estes libertaram os reféns que mantinham em um “gesto de boa vontade”.
Para o governo do Mali, os fatos violentos ocorridos no fim de semana em Kidal, nos quais morreram 36 pessoas e 87 ficarem feridas, são uma violação dos acordos de paz de Ouagadougou, assinados em 18 de junho de 2013 entre Bamaco e os rebeldes tuaregues.
“Fomos claramente agredidos em Kidal, a responsabilidade do grupo rebelde tuaregue Movimento Nacional de Libertação de Azawad (MNLA) é clara”, ressaltou o ministro.
Coincidindo com a primeira visita do primeiro-ministro do Mali, Moussa Mara, à cidade setentrional de Kidal, principal reduto dos rebeldes tuaregues, no fim de semana passado explodiram violentos enfrentamentos entre milicianos e forças governamentais.
Em sua declaração, Maiga afirmou que após o ocorrido o Executivo “está em seu direito de reforçar suas posições em dita região”.
Segundo indicou à Agência Efe uma fonte do Ministério da Defesa, entre sábado e hoje o Exército enviou à zona 1,5 mil soldados de reforço.
Por sua parte, o MNLA qualificou a libertação das 28 pessoas que mantinha retidas de “gesto de boa vontade” e assinalou que tomou essa decisão em resposta às chamadas da “comunidade internacional e especialmente dos Estados Unidos, França e a ONU”.
“Lembramos que todos os prisioneiros foram detidos no campo de batalha”, assegurou em uma nota, e também pediu a mediação da comunidade internacional para a libertação de presos do movimento rebelde presos em Bamaco.
Ontem, o MNLA tinha destacado em outro comunicado que os enfrentamentos foram em “legítima defesa”.
Os rebeldes insistiram em seu compromisso de manter um “diálogo” com o governo para conseguir “uma resolução política negociada do conflito que opõe a Azawad (norte do Mali) e ao Estado central do Mali, ao mesmo tempo que acusaram Bamaco de “provocações” e de empregar um discurso bélico.
Os acordos de Ouagadougou supuseram o fim de um longo conflito armado que tinha explodido a princípios de 2012, após o levantamento do MNLA, que exigia a independência das províncias setentrionais do país.
Dito conflito favoreceu que grupos salafistas armados e terroristas tomassem o controle das províncias de Gao, Kidal e Tombuktú em meados de 2012 e que se mantivessem na zona até sua expulsão em janeiro de 2013 por parte do Exército francês.
A fuga dos extremistas islâmicos permitiu o ressurgimento do MNLA, que é forte na capital de Kidal e em várias localidades da província.
A assinatura de dito pacto supôs a entrada em vigor de um cessar-fogo e permitiu a realização das eleições presidenciais de julho e agosto, em troca do começo de conversas de paz que ainda não começaram. EFE
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