Governo do Paquistão suspende negociações de paz com talibãs

  • Por Agencia EFE
  • 21/02/2014 07h02

Islamabad, 21 fev (EFE).- O governo do Paquistão suspendeu as negociações formais de paz que iniciou há duas semanas com o principal grupo talibã do país, o TTP, devido às constantes ações armadas dos insurgentes, informou nesta sexta-feira a imprensa local.

“Na atual situação, continuar com as conversas seria uma grande injustiça para os civis inocentes e os membros das forças de segurança mortos em atos terroristas”, disse ontem à noite o ministro do Interior, Chaudhry Nisar Ali Khan.

Apesar da suspensão das negociações, o ministro se mostrou “muito esperançoso” de que o processo de diálogo possa recomeçar em um futuro próximo.

O anúncio oficial do Executivo acontece depois que seus emissários, entre eles o assessor governamental de temas nacionais, Irfan Siddiqui, manifestaram, na terça-feira passada, que os contatos “não fazem sentido” se os insurgentes não interromperem suas ações armadas.

Desde que foram iniciadas as conversas formais, no último dia 6, as ações armadas do TTP e de outros grupos afins causaram a morte de 175 pessoas, segundo uma estimativa oficial divulgada pelo governo.

“O diálogo seguramente será retomado porque o Executivo parece querer dar uma última oportunidade ao TTP. Mas a interrupção brusca do mesmo serve para aumentar a pressão sobre os talibãs e forçá-los a interromper suas ações” disse hoje à Agência Efe o analista local Mohammed Amir Rana.

“Seguramente não é parte de um plano preestabelecido, mas o gesto pode dar vantagem ao governo. Entretanto, também aumenta a pressão do Exército para lançar uma operação militar em grande escala”, acrescentou Rana, diretor do Instituto Paquistanês para Estudos da Paz (PIPS, sigla em inglês).

As Forças Armadas lançaram nas últimas 24 horas uma série de bombardeios contra posições do TTP no cinturão tribal na fronteira com o Afeganistão nos quais, segundo fontes militares consultadas pela Efe, morreram “pelo menos 30” insurgentes.

De acordo com diversas informações divulgadas pelo Exército, entre os mortos há vários estrangeiros, especialmente uzbeques pertencentes a grupos fundamentalistas do país centro-asiático.

O governo afirmou que as operações aéreas do Exército, que aconteceram depois da morte de dois militares nesta semana em ações dos insurgentes, aconteceram sob a supervisão do poder civil e com conhecimento do primeiro-ministro, Nawaz Sharif.

Segundo vários analistas e diplomatas estrangeiros, o processo de diálogo não é visto com bons olhos pelo Exército, partidário de uma ofensiva contra os talibãs.

O Paquistão viveu no último ano um notável aumento da atividade terrorista que rompeu com uma tendência de baixa iniciada em 2010.

Segundo um recente relatório do PIPS, mais 1.700 atentados aconteceram no país no ano passado – 61% deles cometidos pelo TTP e seus aliados -, nos quais morreram cerca de 2.500 pessoas, um número 19% maior que em 2012. EFE

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