Governo do Piauí exonera direção da unidade em que adolescente foi morto

  • Por Agência Brasil
  • 21/07/2015 18h21
  • BlueSky
TERESINA, PI - 17.05.2015: VIOLÊNCIA-PI Diante da possibilidade de reações hostis de moradores de Castelo do Piauí durante o enterro de Gleison Vieira da Silva, 17 anos, que foi espancado até a morte por companheiros de cela dentro do Centro Educacional Masculino (CEM), a família da vítima realizou o sepultamento do corpo do jovem nesta sexta-feira (17), no cemitério Santa Cruz, em Teresina. (Foto: Thiago Amaral/Piauiimagens/Folhapress) Folhapress Enterro de adolescente que morreu após briga; menor foi um dos 4 envolvidos em estupro coletivo no Piauí

O governo do Piauí exonerou toda a direção do Centro Educacional Masculino (CEM), em Teresina, após a morte de Gleison Vieira da Silva, de 17 anos, na última quinta-feira (7), em um dos alojamentos do local. O rapaz foi um dos quatro adolescentes envolvidos no estupro de quatro meninas na cidade de Castelo do Piauí, a 190 quilômetros da capital.

Foram exonerados do cargo o gerente de Internação, Francisco Herbert Neves da Cruz, e o coordenador pedagógico do centro, Marivaldo Viana. O diretor da Unidade de Atendimento Socioeducativo da Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania, Anderlly Lopes, responsável por todo o sistema de internação de adolescentes no Piauí, também foi demitido.

A secretaria informou que abriu processo administrativo para apurar a morte do jovem. O adolescente, de 17 anos, era o mais velho dos quatro rapazes. Os demais têm entre 15 e 17 anos. De acordo com o governo do Piauí, apesar de eles terem sido colocados em salas separadas dos outros internos do CEM, por questão de segurança, o jovem foi morto após briga entre eles.

Ontem (20), a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Secção Piauí, visitou o CEM e, em  relatório que será discutido com o governo do estado, informou que o local está sem colchões nos alojamentos e há ainda problemas de vazamentos e fossas estouradas. Segundo a OAB, os adolescentes dormem no chão ou em pedras de cimento.

 

A unidade tem capacidade para acolher 60 adolescentes, no entanto, 83 jovens estão internados, conforme a secretaria. De acordo com a OAB, cinco educadores sociais trabalham, em regime de plantão, no local, e seria necessária uma equipe de pelo menos 14 profissionais por plantão para que o objetivo educacional fosse alcançado.

O juiz Antônio Lopes, da 2ª Vara da Infância e Juventude de Teresina, deu prazo de 30 dias para o governo do estado adequar a estrutura do CEM. A Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania informou que está “tomando providências” e deve agilizar a compra de colchões “nos próximos dias”. A pasta também informou que vai reformar um prédio ao lado do CEM, o que deve garantir mais 28 vagas.

Investigação

Hoje (21), três adolescentes que estavam no alojamento ao lado de onde o jovem foi morto prestaram depoimento na Delegacia do Menor Infrator. Segundo a delegada Thaís Paz, eles falaram que não ouviram e nem viram nada. Para a delegada, no entanto, “é possível” que os adolescentes tenham omitido informações.

“Eles dizem que estavam dormindo, mas a gente não tem como saber. Porque às 23h, dentro de um centro de internação, com tudo já em silêncio, é difícil não ter ouvido nada. Foi constatado ainda que existe um buraco na parede entre os dois alojamentos”, acrescentou Thaís.

Até a próxima semana, os laudos cadavéricos do local da morte devem ficar prontos e os adolescentes suspeitos devem ser ouvidos novamente. Segundo a polícia, os jovens foram ouvidos no dia do crime e confesseram ter matado o adolescente. Os três foram transferidos para o Centro de Internação Provisória e devem voltar para o CEM assim que novo espaço no prédio ficar pronto, de acordo com a Secretaria Estadual de Assistência Social e Cidadania.

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.