Governo do Sudão do Sul e rebeldes retomam conversas de paz
Adis-Abeba, 13 jan (EFE).- Delegados do Governo do Sudão do Sul e dos rebeldes do país retomaram nesta segunda-feira os contatos cara a cara na capital etíope, Adis-Abeba, com a cessação imediata das hostilidades como objetivo prioritário.
A volta das duas partes à mesa de negociações acontece quase uma semana depois das paralisias por falta de acordo sobre a libertação dos rebeldes presos no Sudão do Sul que era pedida pelo grupo e que o Governo rejeitou.
Enviados do bloco regional e entidade promotora dos acordos de paz, a Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (Igad, por sua sigla em inglês) se deslocou no final da semana passada ao Sudão do Sul para se encontrar, em um lugar secreto, com o líder rebelde, Kier Machar.
O objetivo da visita seria convencer Machar para que retire a questão dos detidos como pré-condição para prosseguir com as conversas de Adis-Abeba.
Os rebeldes acabaram retirando, como pré-condição para o desenvolvimento das conversas de paz, sua reivindicação de que o presidente Salva Kiir liberte seus 11 líderes detidos no Sudão do Sul por seu suposto envolvimento em um golpe de Estado.
“As duas partes estão começando as negociações e vamos falar da cessação de hostilidades”, disse aos jornalistas na capital etíope o general Lazarus Sumbeiymo, delegado da Igad.
Os repórteres puderam acompanhar durante alguns minutos a reabertura das conversas, e puderam ver os representantes do dois bandos sentados cara a cara na mesa de diálogo.
Enquanto isso, em comunicado publicado nesta segunda-feira, o porta-voz rebelde Lul Ruai Koang afirmou que as forças de Machar estão se “aproximando” de Malakal, capital do Estado do Alto Nilo, e esperam tomar a cidade em “24 horas”.
Ruai afirmou também que as tropas governamentais foram derrotadas ontem pelos rebeldes em vários pontos da província de Juba, a capital do Sudão do Sul.
Anteriormente, as forças do Governo recuperaram a cidade de Bentiu, capital do Estado petroleiro de Unidade, que estava em mãos dos rebeldes.
O conflito vivido no Sudão do Sul explodiu em 15 de dezembro, quando o presidente do país, Salva Kiir, acusou o ex-vice-presidente Riek Machar de uma tentativa golpista.
Machar negou as acusações, e a disputa desencadeou choques violentos entre membros da etnia dinka, à qual pertence Kir, e membros do povo nuer, do que é parte Machar.
Cerca de 10 mil pessoas faleceram durante os enfrentamentos, segundo dados do Grupo Internacional de Crise (IGG), uma organização internacional não-governamental especializada na análise de conflitos.
Por sua parte, a ONU situa em mais de 270 mil o número de deslocados que provocou até agora o conflito. EFE
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