Governo e Farc definem eixos que regerão debate sobre vítimas do conflito
Havana, 7 jun (EFE).- Os negociadores do governo da Colômbia e a guerrilha das Farc anunciaram neste sábado os princípios que regerão o debate sobre as vítimas do conflito, assim como mecanismos para agilizar o processo de paz e o funcionamento da mesa de diálogo de Havana.
A discussão entre governo e guerrilha sobre o delicado tema das vítimas se articulará em torno de dez eixos, entre eles o reconhecimento de responsabilidade, a reparação e a satisfação de seus direitos, o esclarecimento da verdade, a garantia de não repetição e o princípio de reconciliação.
As partes concordaram em receber em Havana, sem uma data definida, a primeira delegação de vítimas, representadas de forma “plural e equilibrada”, para que apresentem propostas para a construção da paz na Colômbia.
Os negociadores colombianos também decidiram criar uma comissão técnica sobre a história do conflito formada por analistas, mas que “não substituirá o mecanismo para o pleno esclarecimento da verdade, que deve contar com a participação de todos e em particular das vítimas”.
Como foi feito nos pontos anteriormente debatidos no processo de paz, os delegados do governo e da guerrilha concordaram em pedir ao escritório das Nações Unidas na Colômbia e ao Centro de Pensamento da Universidade Nacional que organizem três fóruns regionais (em Villavicencio, Barrancabermeja e Barranquilla) e um nacional (em Cali) para ouvir as propostas cidadãs sobre o tema.
Além destes acordos sobre a metodologia no debate sobre as vítimas, governo e guerrilha definiram também criar uma “subcomissão técnica” integrada por negociadores das duas partes para antecipar as discussões sobre o ponto de “fim do conflito”, com o propósito de agilizar o funcionamento da mesa de diálogos de Havana.
Estes anúncios foram feitos em comunicado conjunto lido à imprensa no Palácio de Convenções de Havana por representantes de Cuba e da Noruega, os países fiadores do processo de paz colombiano.
No ato estiveram presentes as equipes negociadores das partes, e representantes da Venezuela e do Chile, países que acompanham o processo de paz.
“O que anunciamos hoje é um passo histórico no propósito de pôr às vítimas no centro do processo de paz”, comentou Humberto de la Calle, o chefe dos negociadores do governo.
La Calle enfatizou a importância dos dez princípios estipulados sobre o debate das vítimas e garantiu que não há antecedentes “nem na Colômbia, nem em nenhum lugar em processo de paz”.
Já as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) destacaram que o rumo da discussão sobre as vítimas foi delineado, o que consideraram como um “tema decisivo para a paz”.
“Estamos dando os primeiros passos em um terreno infestado de dificuldades, de enormes incompreensões nascidas da ignorância da história, da origem, das causas, desenvolvimentos e atores envolvidos no mais longo conflito interno do continente”, declarou “Ivan Márquez” (Luciano Marín Arango), número dois da guerrilha e líder da delegação de paz. EFE
sam/cd
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