Governo e Farc tentam recuperar confiança para impulsionar diálogos de paz
Havana, 2 ago (EFE).- O governo da Colômbia e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) concluíram neste domingo em Havana (Cuba) mais um ciclo de diálogos de paz em clima de confiança impulsionado pela trégua unilateral da guerrilha e a suspensão dos bombardeios contra seus acampamentos para agilizar o processo e acabar com o conflito.
Em comunicado lido à imprensa pelo chefe negociador das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), Ivan Márquez (conhecido como de Luciano Marín Arango), o grupo rebelde considerou que tanto a trégua unilateral quanto a interrupção dos bombardeios “proporcionaram este novo ambiente de confiança que permitiu acelerar as conversas e avançar em novos consensos”,
As Farc iniciaram em 20 de julho um cessar-fogo unilateral ao qual o governo presidido por Juan Manuel Santos respondeu, seis dias depois, com a pausa nos bombardeios a acampamentos da guerrilha. A medida para reduzir a intensidade do conflito já tinha sido adotada em março, mas foi suspensa um mês depois após um ataque guerrilheiro no que 11 soldados morreram.
Ao concluir esta rodada, a delegação de paz do governo não falou com a imprensa, mas participou de uma declaração conjunta com a guerrilha na qual anunciam que retomarão as negociações no próximo dia 17 para seguir com o ponto das vítimas, foco das discussões há mais de um ano. Sobre esse aspecto, o número dois das Farc ressaltou que, como acertaram na mesa de negociação, as partes constroem um “inédito e inovador” sistema integral de verdade, justiça, reparação e não repetição, com o protagonismo das vítimas.
O grupo insurgente destacou que neste ciclo foi criada uma comissão, integrada por seis especialistas em justiça, que abordará temas legais e servirá de apoio à mesa. Márquez anunciou os juristas Álvaro Leyva, Enrique Santiago e Diego Martínez são os três selecionados por eles.
O governo colombiano já tinha informado, há alguns dias, suas representações nesse grupo de trabalho integrado pelos assessores Manuel José Cepeda, ex-presidente da Corte Constitucional; Juan Carlos Hainaut, reitor da Universidade Externado da Colômbia e ex-presidente da Corte Constitucional; e o professor da Universidade de Notre Dame, o americano Doug Cassel, especialista em direitos humanos.
O comunicado da guerrilha abordou a “falta coerência” entre o que ocorre na mesa de negociação e o que acontece na Colômbia e sugeriu ao Executivo que considere um cessar fogo unilateral ao “assédio” contra os líderes políticos e sociais de oposição. Durante o ciclo, as Farc propôs também a formação de uma equipe que investigue de maneira “séria e independente” os fatos de violência sexual e de gênero no contexto do conflito, para “descrever todo o universo das vítimas de violência sexual na Colômbia”.
As equipes negociadores do governo e as Farc aplicaram uma nova metodologia de trabalho mais flexível para negociar vários assuntos em paralelo, com a intenção declarada de impulsionar as conversas e tentar obter resultados para recuperar a confiança dos colombianos no processo de paz, após uma etapa de crise nas últimas semanas. EFE
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