Governo e oposição da Venezuela iniciam caminho rumo a pleitos legislativos

  • Por Agencia EFE
  • 08/08/2015 01h18
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Alberto Andreo.

Caracas, 7 ago (EFE).- O caminho que separa os venezuelanos dos pleitos legislativos nos quais elegerão os 167 deputados do parlamento no próximo 6 de dezembro começou a ser percorrido nesta sexta-feira com a finalização do período de inscrição de candidatos no Conselho Nacional Eleitoral (CNE).

Candidatos governistas e opositores acompanhados de simpatizantes cumpriram os requisitos e ofereceram declarações parecidas quanto a união em suas fileiras, vitória e futuras maiorias, apesar de a coalizão Mesa da Unidade Democrática (MUD) continuar sua queda de braço com vários de seu membros, principalmente o partido Copei.

O social-cristão Copei foi expulso na quarta-feira da MUD, que também retirou o apoio a seus 27 candidatos por causa da mudança de direção amparada pelo Tribunal Supremo de Justiça (TSJ), organismo que a oposição considera “um braço” do governo.

Entre os motivos alegados pela MUD esteve evitar que se juntem a suas fileiras pró governistas e a mudança de cerca de 30% dos postulados pela direção suspensa dos social-cristãos, uma decisão rejeitada plenamente pela coalizão e uma posição qualificada hoje pelo presidente interino do Copei, Pedro Urrieta, de “chantagem”.

A plataforma opositora, no entanto, deu até hoje para que o Copei pusesse sua casa em ordem e deixou uma porta aberta a seu reingresso, possibilidade rejeitada por Urrieta, que acusou a MUD de ser um “cavalo de Troia” dentro da oposição.

“O cavalo de Troia é a atual cúpula que dirige a MUD, que assumiu a incumbência de destruir a unidade que com tanto esforço alcançamos entre todos”, opinou Urrieta, acrescentando que o Copei não apresentará seus 27 candidatos fora da aliança.

“Atuamos com seriedade e com franqueza, ratificamos nosso apoio à unidade, ao cartão único e aos acordos nacionais”, assinalou, ressaltando que a decisão da MUD com o Copei evidenciou que a intenção da direção da aliança era “fazer uma devassa” em seus candidatos.

Por enquanto se desconhece quem entra no lugar dos 27 integrantes do Copei, mas o secretário-geral do partido Ação Democrática (AD), Henry Ramos Allup, assegurou que a MUD revisou “com lupa” seus candidatos para que estes não traiam seus eleitores.

Allup disse que o governo será “enorme minoria” na Assembleia Nacional a partir de 6 de dezembro e garantiu que a oposição vai “resgatar a autonomia do Poder Judiciário” e ditará uma lei de anistia para “libertar os presos políticos”, entre eles o líder do Vontade Popular e integrante da MUD, Leopoldo López.

Por sua vez, o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba, sustentou hoje que na plataforma existe “uma grande perspectiva de sucesso” para dezembro e alegou que este é um dos motivos pelos quais o governo coloca obstáculos na rota eleitoral opositora.

Englobados na coalizão Grande Polo Patriótico (GPP), os governistas tiveram um fechamento de candidaturas mais tranquilo, com pedidos de união de seus membros e simpatizantes e mensagens contra a “burguesia e a direita”.

“Devemos fazer um grande esforço, camaradas, e a receita principal para ganhar estas eleições é a unidade das forças revolucionárias, a unidade de nosso povo”, declarou o atual presidente do parlamento e candidato por seu estado natal de Monagas, Diosdado Cabello.

Após formalizar sua inscrição como candidato pelo Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), Cabello assegurou que no dia 6 de dezembro o governo ganhará “de ponta a ponta” as cadeiras do parlamento.

No estado vizinho deAnzoátegui, o chefe de campanha do PSUV, Jorge Rodríguez, pediu para que fossem deixados de lado os “sectarismos” e as “brigas entre irmãos” e afirmou que o GPP chega às eleições como “uma aliança perfeita”.

No próximo dia 6 de dezembro os venezuelanos estão convocados a escolher os 167 deputados do parlamento para os próximo cinco anos, cargos para os quais se postularam jornalistas, cantores, vários ex-ministros, atores e, pela primeira vez na história do país, uma transexual, a advogada e ativista Tamara Adrián. EFE

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