Governo e oposição preparam terreno para duelo nacional na Argentina

  • Por Agencia EFE
  • 06/07/2015 18h11

Buenos Aires, 6 jul (EFE).- Governo e oposição da Argentina se dedicaram nesta segunda-feira a analisar os resultados dos pleitos locais deste domingo, nos quais o governante Frente para a Vitória sofreu um duro revés em dois grandes distritos, e mostraram otimismo sobre suas possibilidades nas eleições presidenciais de outubro.

“Eu não tenho dúvidas que em outubro voltaremos a ganhar em nível nacional. As eleições nos mostram uma proposta cada vez mais sólida do peronismo kirchnerista e do governo nacional”, disse hoje o chefe de gabinete do governo, Aníbal Fernández, durante sua entrevista coletiva diária.

No pleito deste domingo, o governo ficou em terceiro lugar tanto nas eleições para prefeito de Buenos Aires – onde, embora ainda haja necessidade de segundo turno, o primeiro posto ficou com o candidato do conservador Proposta Republicana, liderado pelo aspirante presidencial Mauricio Macri – como nas eleições para o governo da província de Córdoba, onde venceu o peronismo dissidente.

Para o chefe de ministros, os pleitos têm “características” muito distintas em cada distrito, especialmente na capital, o quarto distrito eleitoral do país com 2,5 milhões de eleitores, e previu que a “ascendência em relação à proposta do governo vai ser muito forte e isso vai nos permitir ganhar as eleições nacionais”.

“O que quero dizer com isto é que o Pró de Macri termina sendo um partido político da Cidade Autônoma de Buenos Aires, sem projeção em nenhum outro lugar e parece que nós não temos o direito de estar contentes também”, opinou Fernández.

Para Macri, as tentativas do governo de reduzir o Pró a uma força de âmbito municipal demonstram que “estão preocupados porque não querem perder o poder que administraram arbitrariamente todos estes anos”.

“Em Córdoba e na capital, 80% da população não acompanhou o governo nacional”, disse o presidenciável opositor em entrevista coletiva na qual defendeu a necessidade de uma mudança após 12 anos de governos kirchneristas.

Macri esteve acompanhado do candidato portenho do Pró, Horacio Rodríguez Larreta, que obteve 45,5% dos votos no pleito do domingo, 20 pontos a mais que seu rival imediato, o candidato da coalizão de centro-esquerda Eco, Martín Lousteau.

Lousteau confirmou hoje que disputará o segundo turno contra Rodríguez Larreta no próximo dia 19, embora por enquanto não tenha garantido o apoio de nenhum dos três postulantes derrotados, especialmente do candidato do Frente para a Vitória, Mariano Recalde, que conseguiu 21,9% dos votos.

Em Córdoba, o segundo distrito eleitoral do país com 2,7 milhões de eleitores e um peso no censo de 8,6%, o governo não teve melhor sorte, já que o candidato apoiado pelo Executivo de Cristina, Eduardo Accastello, alcançou apenas 17,21% dos sufrágios.

A coalizão União por Córdoba manteve o governo da província, que ficará agora nas mãos do deputado do peronismo dissidente Juan Schiaretti, que venceu com 39,85% dos votos.

Por outro lado, o kirchnerismo celebrou o triunfo nas eleições da província de La Rioja, que representa apenas 1,18% do censo nacional e onde se impôs o governista Sergio Casas, com mais de 57% de apoio.

Em um ano eleitoral marcado pelas presidenciais de outubro, o Frente para a Vitória tinha vencido até agora o pleito para governador nas províncias de Salta e Tierra del Fuego, que não representam porcentagens destacadas do censo.

Por sua vez, o socialismo ganhou na província de Santa Fé, o terceiro maior distrito eleitoral do país, e a coalizão de radicais e conservadores na de Mendoza, quinta região com mais eleitores.

Os outros dois pleitos realizados até agora também não deixaram bons resultados para o governo, já que em Neuquén venceu o Movimento Popular Neuquino, que governa a província há meio século, enquanto em Río Negro um dissidente do kirchnerismo, Alberto Weretilneck, conseguiu a reeleição.

Os pleitos provinciais são encarados como um teste para medir o clima político do país, que em agosto terá seu primeiro grande evento eleitoral com as primárias que definirão os candidatos que concorrerão por cada legenda nas presidenciais de outubro.

Segundo as pesquisas, Daniel Scioli, o candidato presidencial kirchnerista e atual governador da província de Buenos Aires (principal distrito eleitoral do país com mais de um terço do eleitorado do país), parte como favorito.

Em segundo e terceiro lugar, respectivamente, aparecem o conservador Macri e o peronista dissidente Sergio Massa, líder da Frente Renovadora. EFE

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