Governo gaúcho vai parcelar salários do funcionalismo pela segunda vez este ano
Taxa de juros subiu após alta do dólar
DinheiroO governo do Rio Grande do Sul vai parcelar os salários dos servidores públicos novamente em março. Será a segunda vez que isso ocorre neste início de ano – em janeiro, o Executivo gaúcho conseguiu evitar por pouco, porém, em fevereiro, recorreu ao parcelamento. A Secretaria da Fazenda ainda não confirma oficialmente, mas fontes do governo alegam que não há escapatória e indicam que a linha de corte, inclusive, será menor este mês. Em 2015, o RS parcelou os salários de julho e de agosto, além do décimo terceiro.
No mês passado, o governo gaúcho anunciou que todos os servidores que ganham até R$ 1.750 receberiam os vencimentos em dia. Os demais sofreriam o fatiamento. De acordo com a Secretaria da Fazenda, a entrada de recursos no decorrer do dia 29 permitiu que outros R$ 550 fossem depositados. Na prática, portanto, a linha de corte foi de R$ 2.300, ou seja, tiveram os salários parcelados os funcionários que ganham mais do que esse montante.
Desta vez, a tendência é de que a linha de corte não passe dos R$ 2.000. A expectativa é de que faltem entre R$ 550 milhões e R$ 600 milhões para quitar a folha de março de imediato. A explicação para o agravamento das finanças gaúchas é simples: com a economia desaquecida e sem acesso a mecanismos de financiamento – já que não tem janela fiscal para tomar novos empréstimos -, o Estado tem um déficit que só aumenta. Os cortes de despesas realizados até aqui são insuficientes para equilibrar esta conta.
O orçamento de 2016 foi aprovado com previsão de déficit de R$ 4,3 bilhões. Além disso, o RS já entrou o ano com uma pendência de R$ 2 bilhões em contas a pagar. Com a corda no pescoço, o Rio Grande do Sul sinalizou que deverá aderir aos mecanismos de socorro apresentados pelo governo federal, embora reconheça que as contrapartidas exigidas sejam duras.
“Ainda vamos avaliar, mas a tendência é de que o Rio Grande do Sul venha a aderir”, disse ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, o secretário da Fazenda do RS, Giovani Feltes Hoje, a dívida gaúcha é de cerca de R$ 37 bilhões. O alongamento do pagamento por 20 anos representará uma economia de R$ 60 milhões na prestação mensal desembolsada à União. Já a outra proposta, que prevê um desconto de 40% nas parcelas por até dois anos, diminuirá a prestação mensal em R$ 90 milhões. Depois, o desconto será incorporado ao saldo devedor. As propostas precisam ser aprovadas pelo Congresso.
A tendência é de que os R$ 150 milhões que podem ser economizados com o socorro do governo federal sejam direcionados para o pagamento do funcionalismo gaúcho, e que o Estado continue atrasando a parcela mensal da dívida. Desde o ano passado, quando a crise se intensificou, o RS tem postergado o pagamento à União em alguns dias, sistematicamente. Por isso, está sujeito a sanções por parte do governo.
A definição oficial sobre o pagamento da folha de março deve sair no início da próxima semana.
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