Governo isenta Zuma de devolver dinheiro público utilizado “indevidamente”
Johanesburgo, 28 mai (EFE).- O presidente da África do Sul, Jacob Zuma, não terá que devolver os 246 milhões de randes (R$ 64 milhões) de dinheiro público investidos na reforma de sua residência privada, apesar da defensoria pública ter classificado os gastos como uma despesa “indevida”.
Assim estabelece um relatório apresentado nesta quinta-feira pelo ministro da Polícia, Nkosinathi Nhleko, que considera que todas as obras realizadas no complexo do presidente na cidade de Nkandla (leste do país) foram realizadas para garantir a segurança do presidente.
Zuma havia encarregado o ministro de determinar a quantia que deveria retornar aos cofres do Estado, depois que a defensora pública Thuli Madonsela pediu em março de 2014 que o presidente devolvesse o valor das infraestruturas não relacionadas à sua segurança.
Entre estas construções, Madonsela mencionou um estábulo para vacas, um curral para galinhas e cabras, uma piscina e um anfiteatro.
Em seu relatório, lido no parlamento, o ministro, membro do governista Congresso Nacional Africano (CNA) liderado por Zuma, considerou que a piscina é “um elemento estratégico para apagar incêndios”, portanto uma infraestrutura dedicada à segurança.
A mesma classificação foi dada ao espaço para os animais, sobre o qual Nhleko concluiu que “mantém os animais longe do sistema de segurança”, permitindo que as cercas elétricas e o restante dos dispositivos funcione.
O documento também estabelece que o anfiteatro é um “ponto de reunião em caso de emergência” e que o centro de visitantes construído nas polêmicas obras é necessário para garantir a confidencialidade dos encontros do presidente.
“Por isso, o chefe do Estado não deve pagar por nenhuma destas infraestruturas”, diz o relatório do ministro.
A reforma milionária de Nkanlda, que Zuma justificou com suas necessidades de segurança como chefe de Estado, renderam ao presidente diversas críticas em atos públicos e o assédio da oposição no parlamento.
O lema “Devolva o dinheiro” se tornou um grito recorrente na câmara e muito popular nas ruas e nas redes sociais.
Apesar deste e de outros escândalos de corrupção, Zuma ganhou as eleições de maio de 2014 com 62% dos votos, o que o permitiu assumir o segundo e último mandato de cinco anos. EFE
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