Governo justifica “bobagens” e não faz nada de concreto, diz ex-diretor do BC

  • Por Jovem Pan
  • 18/11/2015 16h31

Schwartsman foi Diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central de 2003 a 2006. Depois Karime Xavier/Folhapress Alexandre Schwartsman

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta quarta-feira (118), que as condições para o crescimento aparecerão, caso o Governo faça um esforço fiscal. Para ele, é necessária a garantia de uma trajetória adequada para o gasto público para a melhora do cenário para investimentos e controle do crescimento da dívida pública.

Em entrevista a Jovem Pan, o economista e ex-diretor do Banco Central, Alexandre Schwartsman afirmou que o Governo sabe quais são os problemas que atingem o País e a solução para boa parte deles, mas que, no entanto, “não tem capacidade de articular essas propostas”.

“Não acho que o Governo está brigando por apagar incêndios. O Governo briga para apagar incêndios que podem lhe trazer consequências ruins no campo político (…) Apagar incêndio agora seria tentar fazer algo de concreto. O que eles estão tentando fazer é justificar as bobagens que foram feitas lá atrás. É uma inversão extraordinária de prioridades”, explicou.

A mudança na meta fiscal como forma de proteção para futuras invocações de crime de responsabilidade existem, segundo o ex-diretor do BC, que ressaltou ainda que o Governo “não reflete nenhuma preocupação com o bem estar das finanças públicas ou da população”.

O Governo conseguiu na tarde desta terça (17), uma importante vitória com a aprovação da alteração da meta na Comissão Mista de Orçamento. Agora, o projeto segue para apreciação do plenário do Congresso. “A mudança da meta, a gente já sabe o que vai acontecer com o desempenho fiscal do País, vai ser horroroso (…) É simplesmente garantir que não haja base legal para o impeachment”, disse.

Para o economista, o Governo deveria acenar com um conjunto de melhorias a longo prazo, mesmo que 2016 não seja um ano “tão bom” em relação às finanças públicas ou questões políticas. “Se ficarmos só focados em 2016, pode até ser que se consiga resolver. Vai chegar em 2016 e vai ter que empurrar a pedra morro acima para 2017 e assim nos outros anos. Tem que parar de empurrar pedra morro acima, tem que descobrir um jeito de colocar a pedra em cima do morro e deixá-la lá”, finalizou.

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