Governo paquistanês pede “ação imediata” após apedrejamento de jovem

  • Por Agencia EFE
  • 29/05/2014 14h54

Islamabad, 29 mai (EFE).- O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, pediu nesta quinta-feira uma “ação imediata” para levar à Justiça os autores do “brutal assassinato” a pedradas de uma jovem em frente a policiais, que não fizeram nada.

O crime ocorreu na terça-feira passada nas imediações do Alto Tribunal de Lahore, na província oriental do Punjab, aonde a vítima se dirigia para assistir a uma audiência, quando um grupo de pessoas se aproximou e começou a jogar pedras.

O primeiro-ministro pediu a seu irmão e chefe do governo de Punjab, Shahbaz Sharif, que lhe entregue hoje mesmo um relatório sobre o “crime brutal na presença da polícia” e que faça o possível para que os autores sejam levados à Justiça “o mais rápido possível”, segundo um comunicado divulgado pela imprensa paquistanesa.

De acordo com a versão oficial, a mulher, grávida de três meses, era casada com o homem que amava sem o consentimento dos pais, por isso os parentes acreditavam que ela tinha atentado contra a honra familiar.

O pai da vítima, um dos autores do assassinato junto com os dois filhos, tinha denunciado o marido de sua filha por sequestro, motivo pelo qual o casal teria ido ao tribunal quando ocorreu o ataque.

O único que não fugiu da cena do crime foi o pai, que confessou à polícia que o assassinato foi em defesa da honra de sua família, segundo o jornal “Express Tribune”.

Os chamados “crimes de honra” são muito frequentes no Sul da Ásia e costumam envolver os filhos de uma família que considere que alguma ação praticada por eles seja uma afronta à conservadora moral familiar das sociedades locais.

No Paquistão, entre duas e três mulheres morrem por dia “por honra”, casos que passam despercebidos por conta do conservadorismo da sociedade, e que, segundo a Comissão de Direitos Humanos do Paquistão, tiveram no ano passado 869 vítimas, embora a entidade alerte que o número possa ser maior, já que muitas pessoas não denunciam.

“Estes crimes continuam pela impunidade da qual os assassinos desfrutam”, disse a Comissão em um recente relatório, que denunciou que o costume de permitir a absolvição do criminoso, se ele for perdoado pela família da vítima, favorece as agressões. EFE

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