Governo reconhecido da Líbia lamenta críticas da ONU por ataque a Benghazi

  • Por Agencia EFE
  • 21/09/2015 12h40
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Trípoli, 21 set (EFE).- O governo líbio com sede em Tobruk, reconhecido pela comunidade internacional, lamentou nesta segunda-feira o recente comunicado da ONU que condenou a operação militar empreendida no fim de semana em Benghazi pelo general Khalifa Hafter, chefe de suas Forças Armadas.

Em declarações ao jornal “Libya Herald”, um porta-voz do chamado “parlamento de Tobruk”, que exerce o papel do Executivo, expressou “grande surpresa pelo comunicado emitido pelo (enviado especial da Nações Unidas para a Líbia, Bernardino) León, que não aceitamos”.

O diplomata espanhol criticou na noite de sábado a operação militar, e advertiu que ela podia afundar as negociações de paz que, com muita dificuldade, acontecem na cidade marroquina de Sjirat, sob a tutela da ONU.

“O exército está lutando contra os terroristas (da ramo líbio do grupo jihadista Estado Islâmico), que não acreditam em um governo civil. E a população nos apoia”, argumentou o porta-voz de Tobruk.

Unidades sob o comando de Hafter, um obscuro general dos tempos de Muammar Kadafi, agora oposto ao processo de paz, intensificaram no sábado seus bombardeios de artilharia contra Benghazi, cidade sob controle das tropas fiéis ao governo com sede em Trípoli.

Logo após saber da notícia, a operação foi condenada tanto pela Missão da ONU para a Líbia (UNSMIL) como pelo Executivo não-reconhecido de Trípoli, que exige a cassação do controvertido general como condição para assinar o acordo de paz que León negocia há meses.

A ação de Hafter, herói de guerra no início da ditadura de Kadafi e um de seus principais opositores no exílio desde a década de 80, também foi condenada pelos embaixadores da UE, preocupados pelas baixas civis e pelo possível influxo negativo no diálogo de Sjirat.

O general, de 72 anos, retornou a Líbia com ajuda da CIA e do Egito durante a revolta que em 2011 derrubou Kadafi e circulou entre os rebeldes até assumir o comando do antigo exército regular líbio.

Em maio de 2014, empreendeu a chamada “Operação Dignidade” em Benghazi com o argumento de arrebatar a cidade das tropas leais a Trípoli e desequilibrar a balança das negociações em favor de Tobruk, uma ofensiva que quase não teve propiciou avanços, mas que abriu as portas de alguns bairros da cidade ao EI.

Desde então, Hafter – que é apoiado militar e economicamente por Egito e Arábia Saudita – se transformou no principal empecilho para a paz no país, já que o governo de Tobruk resiste a tirá-lo do comando militar.EFE

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