Grandes manifestações contra Maduro marcaram o ano de 2014 na Venezuela

  • Por Agencia EFE
  • 09/12/2014 17h51

Indira Guerrero.

Caracas, 9 dez (EFE).- A Venezuela começou o ano de 2014 com uma campanha empreendida por um setor da oposição denominada “La Salida”, que, após vários meses de manifestações e protestos, acabou com a morte de 43 pessoas e mais de 40 opositores na prisão.

“La Salida” – que começou no final de janeiro impulsionada pela então deputada María Corina Machado e o dirigente do partido Vontade Popular, Leopoldo López- convidava os venezuelanos para assembleias de rua para debater uma forma “constitucional” de pôr fim ao governo do presidente Nicolás Maduro.

No marco desta campanha, os opositores promoveram uma grande manifestação em 12 de fevereiro, no mesmo dia em que os venezuelanos lembram a batalha independentista de “La Victoria”.

A jornada começou com uma manifestação pacífica de milhares de pessoas pelo centro de Caracas, mas posteriormente foi agitada por grupos de encapuzados que atacaram a Procuradoria Geral e queimaram vários veículos da polícia.

Os incidentes violentos terminaram com três mortos: dois opositores e um chavista.

Nos bairros de classe média do leste de Caracas, e outras dez cidades do país, redutos da oposição, o protesto se replicou dia após dia durante quatro meses.

Por sua suposta responsabilidade na violência, foi emitida uma ordem de captura contra López, que se entregou às autoridades seis dias depois do início dos protestos rodeado por milhares de manifestantes convocados por ele mesmo.

Segundo Maduro, López devia responder por “suas chamadas à sedição”.

Os protestos, que se iniciavam com manifestações pacíficas de estudantes e cidadãos, terminavam com longos enfrentamentos entre os corpos de segurança e jovens encapuzados armados de pedras e bombas caseiras.

Na internet, os radicais divulgavam instruções para armar barricadas com arames, escombros, árvores e postes derrubados.

No meio da crise política que já somava 19 mortos, o governo do Panamá pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) uma reunião de ministros para tratar a situação da Venezuela, ao que Maduro respondeu rompendo relações diplomáticas enquanto Ricardo Martinelli estiver à frente desse país.

Por sua vez, Machado iniciou uma campanha internacional para denunciar Maduro e a situação de vulneração dos direitos humanos que, assegurou, sofria seu país, e tentou participar de uma sessão da OEA, na qualidade de membro da representação do Panamá.

A seu retorno ao país, no final de março, o presidente do parlamento venezuelano, Diosdado Cabello, afirmou que Machado tinha perdido sua ata de deputada por aceitar o cargo panamenho, o que segundo ele, transgredia sua obrigação de dedicação exclusiva como legisladora.

Um mês depois, a opositora foi vinculada a um plano para matar Maduro, que foi descoberto por supostos e-mails que trocou com outros dirigentes de oposição. Nas mensagens, segundo a denúncia, a ex-deputada dizia que tinha chegado a hora de acumular esforços e obter “o financiamento para aniquilar Maduro”

Em abril, o governo e o bloco opositor Mesa da Unidade Democrática (MUD) começaram um diálogo sem precedentes a fim de conter a crise política do país, mas nem os estudantes e nem os líderes do protesto participaram dos encontros, motivo pelo qual as manifestações foram mantidas.

A oposição pediu anistia para os detidos, exigências de solução aos problemas da economia e da insegurança, assim como para recuperar a normalidade nas instituições, enquanto o governo reivindicou o reconhecimento e respeito a seu projeto e uma condenação clara da violência.

Após um mês de reuniões, a oposição decidiu se retirar e não continuar na mesa do diálogo até que o governo não oferecesse “gestos” sobre suas reivindicações.

O secretário-executivo da MUD, Ramón Guillermo Aveledo, anunciou que esse processo estava “em crise”, e em pouco tempo a própria plataforma foi reestruturada.

O opositor López, acusado de ser autor intelectual de incêndio intencional, instigação pública e outros delitos, e cuja detenção foi “arbitrária”, segundo a ONU, está preso há oito meses.

Por sua vez, Machado foi acusada e será julgada por seu suposto envolvimento no plano para matar Maduro, que em abril completará dois turbulentos anos à frente do país. EFE

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