“Granma” reconhece existência de “mercadores” de internet em Cuba
Havana, 25 set (EFE).- O principal jornal oficial de Cuba, o “Granma”, reconheceu nesta sexta-feira a existência de “mercadores”, pessoas que encontraram uma maneira de lucrar com o crescente acesso à internet na ilha, desde a abertura em julho de mais de 35 pontos de conexão wifi em todo o país.
O jornal repercutiu o “verão do wifi em Cuba” e o entusiasmo dos usuários, ao mesmo tempo em que denunciou “a existência de outros mercadores, que cobram por até uma simples assessoria” e possibilitam o acesso pela metade do preço oficial, estabelecido em 2 CUC (peso conversível, equivalente ao dólar) por hora.
Segundo a nota existem “mediadores, pontos de links que, por uma comissão do total arrecadado dirigem o cliente para outros, que utilizam seus computadores pessoais e dispositivos móveis, conectados ao wifi, para com eles gerar conexões sem fio que são vendidas a outros usuários”.
Entre os softwares mais populares para conseguir esta “wifi compartilhada” o Granma, que é também porta-voz do Partido Comunista de Cuba (PCC), identificou o Connectify Hotspot, variante que “reduz a velocidade de navegação e a potencial conectividade originais”.
Outros acumulam cupons de recarga, disponíveis nos diferentes pontos de venda do monopólio estatal das Telecomunicações de Cuba (Etecsa), para depois, aproveitando a escassez e as longas filas, vendê-los por três CUC, 50% acima da tarifa oficial.
De acordo com dados oficiais, desde que foi lançado, em junho de 2013, as primeiras 118 salas de navegação pública nas instalações da Etecsa, os pontos de acesso à internet em Cuba se multiplicaram e hoje são 600 em todo o país.
Diariamente são mais de 55 mil conexões em cada um dos 35 pontos de wifi distribuídos pela ilha, oito mil simultaneamente.
A matéria do “Granma” admite que ainda há muitos usuários que “chegam a se conectar sem saber nem como ligar o wifi de seu telefone” e argumenta que “sem prática não há conhecimento possível, o que condiciona e frustra a experiência de navegação de uns, enquanto enche o bolso de outros”.
“Ainda é necessário melhorar a gestão da empresa de telecomunicações para que não se limitem só à assinatura dos contratos”, insistiu o jornal, para quem as instituições do Estado cubano devem “orientar o uso das tecnologias e solucionar as demandas de uma sociedade a caminho da informatização”.
Em 2014, segundo dados oficiais, a ilha superou os três milhões de usuários de internet, números que podem aumentar com a futura abertura de novos pontos wifi, anunciada pela Etecsa para até o fim de 2015.
Atualmente, a plataforma local Nauta oferece duas modalidades: um serviço permanente de e-mail nos dispositivos móveis, que tem um milhão de usuários, e o acesso temporário à internet com uma velocidade de conexão de 1 megabyte, em que já foram comercializadas 3,8 milhões de contas.
Cuba é um dos países com menor taxa de conectividade do mundo, com apenas 5 %, porcentagem que se reduz a 1 % no caso da banda larga.
O acesso residencial à internet não é permitido para os cubanos, exceto para alguns setores profissionais, como médicos, jornalistas e intelectuais. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.