Grécia critica pressões de FMI sobre o país
Atenas, 12 jun (EFE).- O governo de Atenas criticou nesta sexta-feira a pressão que o Fundo Monetário Internacional (FMI) está exercendo sobre as instituições europeias e a Grécia, e se perguntou se na realidade quer se retirar do programa de ajuda.
Fontes governamentais destacaram que para Atenas as negociações “em nível técnico” no denominado Grupo de Bruxelas “terminaram” e agora continuam “em nível político”, algo que o porta-voz do FMI, Gerry Rice, utilizou como argumento para justificar a retirada de seu representante das negociações em Bruxelas.
“Não somos uma instituição política, somos uma instituição técnica”, disse Rice, segundo lembraram as fontes gregas, sustentando que esta frase, que “reflete a disputa interna” entre as instituições” (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e FMI), tem como objetivo pressionar para que as negociações “voltem ao caminho correto”.
O governo de Atenas pensa que esta “pressão” trouxe frutos, como se deduz, segundo essas fontes, das declarações do presidente da CE, Jean-Claude Juncker, que afirmou que as negociações começarão de novo, “primeiro em nível técnico” e depois político, em uma tentativa de “acalmar” o FMI.
O governo de Alexis Tsipras se pergunta se o FMI na realidade optou por estar ausente da negociação política porque acredita que “talvez seria melhor recuperar o dinheiro que pagou até agora e se retirar do programa da Grécia”.
“Exerce pressão por todos lados, especialmente sobre Berlim, para conseguir que se apliquem políticas duras contra a Grécia e assegurar-se, portanto, que lhe devolvam seu dinheiro”, assinalaram.
Previamente, o ministro de Defesa grego e membro menor da coalizão de governo, Panos Kamenos, propôs em uma entrevista à emissora de televisão “Mega” a possibilidade de uma retirada do FMI do resgate grego.
Segundo Kamenos, o Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) poderia assumir a dívida da Grécia ao FMI, e Atenas poderia negociar com este fundo as modalidades de devolução.
O governo grego quis, além disso, especificar hoje as declarações do porta-voz do FMI acerca do sistema de pensões grego.
Rice afirmou ontem que o sistema de pensões grego não é sustentável e acrescentou que neste país “o povo se aposenta sete anos antes que na Alemanha e as pensões são quase iguais”.
O governo grego lembrou que na Grécia a pensão média estatal é de 664,69 euros e a pensão complementar (na qual só entram os trabalhadores) de 168,40 euros, acrescentando que 44,6% dos aposentados têm uma renda abaixo da linha da pobreza relativa, que é de 665 euros.
No entanto, reconheceu que efetivamente a pensão média é quase a mesma que na Alemanha.
Em relação à idade de aposentadoria, também corrigiu as declarações de Rice ao afirmar que tanto na Grécia como na Alemanha a idade de aposentadoria média para os homens é de 63 anos e só nas mulheres há uma diferença, pois neste país se aposentam como meio termo aos 59 e na Alemanha aos 62.
Desde a assinatura em 2010 do primeiro resgate e até 2013, as pensões diminuíram na Grécia em média 44,2% e as da função pública 48%, o que, junto ao forte aumento do desemprego, de 9% para 27%, contribuiu para uma contração do Produto Interno Bruto de 25%.
Segundo destacou recentemente o governo grego em um documento publicado por ocasião das pressões dos parceiros para continuar diminuindo as pensões, o elevado desemprego – somado a que somente 14,4% dos que estão parados recebem algum subsídio – transforma a Grécia em um país onde os aposentados se tornaram o sustento das famílias. EFE
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