Grécia impõe controle de capital após freio do BCE para elevar liquidez
Atenas, 28 jun (EFE).- A Grécia irá impor um controle de capital a partir de segunda-feira, após a decisão do Banco Central Europeu de não elevar os empréstimos de emergência aos bancos, feito que levou o primeiro-ministro, Alexis Tsipras, a pedir novamente a prorrogação do resgate aos credores.
Segundo informações bancárias, que não foram confirmadas pelo governo, os bancos ficarão fechados por uma semana e os saques de caixas eletrônicos serão limitados a quantias entre 100 e 300 euros.
Somente um acordo de última hora pode evitar que a Grécia entre em uma dinâmica similar à vivida há dois anos no Chipre, com bancos fechados durante 12 dias e restrições ao fluxo de capital que se estenderam por quase dois anos, mas com consequências possivelmente maiores, pois a Grécia é maior e a crise econômica muito mais profunda.
Em mensagem transmitida pela televisão, Tsipras acusou o Eurogrupo de ter precipitado esta situação ao negar à Grécia uma prorrogação do resgate para que “um povo exerça seu direito de votar democraticamente”, decisão que classificou como “chantagem”.
Tsipras havia pedido o prolongamento da vigência do resgate, que expira na próxima terça-feira, após anunciar a convocação de um referendo no qual os cidadãos deverão decidir sobre a proposta das instituições (Banco Central Europeu, Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional), rejeitada pelo governo.
O primeiro-ministro pediu “alguns dias” para dar à população a opção de exercer seu voto “sem pressões”.
“A recusa da prorrogação conduz à aplicação de medidas de restrições bancárias nos saques”, afirmou Tsipras, que pediu à população “calma” e “sobriedade” nos próximos dias. O primeiro-ministro garantiu que as contas dos gregos não correm risco e que o pagamento de salários e pensões estão garantidos.
Segundo Tsipras, a recusa dos ministros da zona do euro de conceder esta prorrogação foi o que levou ao BCE a não elevar hoje o limite de créditos que podem ser emprestados aos bancos gregos. O teto desses empréstimos está atualmente em cerca de 90 bilhões de euros, quantia que, segundo a imprensa local, está praticamente alcançada.
Em uma tentativa de evitar mais problemas, Tsipras enviou neste domingo uma carta ao presidente do Conselho Europeu, aos 18 chefes do governo da zona do euro, aos líderes das instituições credoras e ao parlamento Europeu com uma nova solicitação de prorrogação.
“Espero uma reação imediata a um pedido democrático elementar. Eles são os únicos que podem reverter a decisão do Eurogrupo e permitir que o BCE restaure o fluxo de liquidez dos bancos”, argumentou.
Após o anúncio de Tsipras, o líder da oposição e ex-primeiro-ministro Andonis Samaras se juntou aos pedidos de calma e solicitou ao chefe de governo que “cancele imediatamente” o referendo.
“Nossa pátria deve permanecer no coração da Europa e no euro”, disse Samaras, que acusou Tsipras de ser o responsável pelo fechamento de bancos.
Desde que Tsipras anunciou a convocação de um referendo, na noite de sexta-feira, começaram a se formar filas nos bancos devido à insegurança em relação ao dinheiro armazenado, mas não tão longas como as presenciadas no Chipre e sem episódios de violência. EFE
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