Grécia tem 1º dia de feriado bancário em meio a crescente tensão com credores
(Corrige título)
Remei Calabuig.
Atenas, 29 jun (EFE).- A Grécia vive nesta segunda-feira seu primeiro dia de feriado bancário em um ambiente de crescente tensão entre o governo e os credores internacionais, enquanto prepara o referendo no qual, no próximo domingo, seus cidadãos devem definir se aceitam ou não as condições da proposta de resgate financeiro do país.
As primeiras filas nos caixas automáticos pouco antes do meio-dia, quando, como previa o decreto governamental divulgado ontem à noite, começaram a limitar saques ao máximo de 60 euros por dia.
Embora o ambiente nas ruas seja de aparente normalidade, os primeiros problemas não demoraram a ocorrer. Os aposentados, que deveriam receber seus vencimentos entre hoje e amanhã, não vão poder sacá-los por problemas logísticos, apesar de estes pagamentos estarem excluídos das restrições bancárias. Eles se tornaram assim os primeiros prejudicados, pois, além disso, muitos não contam com cartões de crédito ou débito para fazer pagamentos.
O decreto governamental permite os pagamentos com cartão de crédito, assim como as transações através da internet, mas restringe de operações ao exterior a serviços básicos como a compra de remédios ou o pagamento de faturas médicas.
Os turistas, por outro lado, ficam isentos de qualquer restrição. O governo ressaltou que poderão ser utilizados os cartões emitidos no exterior, sem limite de saque nos caixas, e não haverá problemas de abastecimento, pois há reservas suficientes de combustível, produtos e normalidade no prestação de serviços.
Em nível político, tudo aponta para um esgotamento das esperanças de se conseguir uma solução imediata. Enquanto o governo dizia que não tinha interrompido o diálogo, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, afirmava que não há “nenhuma razão de peso” para convocar uma nova cúpula extraordinária da União Europeia, pelo menos até que não tenha ocorrido o referendo sobre as medidas propostas pelos credores.
Merkel insistiu que a oferta das instituições à Grécia era “muito generosa” e que a Alemanha não quer “influir de nenhuma maneira” no que os cidadãos gregos devem fazer, embora sua obrigação seja alertar sobre as consequências de sua decisão.
Quem fez campanha clara a favor da proposta de resgate foi o presidente da Comissão Europeia (CE), Jean-Claude Juncker. Em pronunciamento, ele pediu aos gregos que “votem no sim” e reivindicou ao primeiro-ministro, Alexis Tsipras, que “diga a verdade ao povo”.
Atenas não demorou a responder, e o porta-voz do governo, Gavriil Sakellaridis, declarou que “a honestidade é um elemento essencial para indicar boa fé e credibilidade em uma negociação”.
Ontem, em uma medida sem precedentes, Juncker decidiu divulgar as propostas feitas nos últimos dias à Grécia, alegando que, com essa decisão, não pretende “influenciar” a opinião pública grega, mas fazer com que ela “conheça toda a verdade”.
O documento da Comissão contém uma melhoria da proposta de resgate que o governo grego diz que não recebeu – uma redução do imposto sobre valor agregado (IVA) nos hotéis para 13%. Na proposta anterior – rejeitada por Atenas e que tinha sido divulgada pela imprensa -, ainda se falava na aplicação de uma taxa de 23% a este pilar da economia grega.
A tensão entre o governo e os credores se fez latente na reunião do Eurogrupo (encontro dos ministros de Economia e Finanças da zona do euro) do último sábado, quando o ministro de Finanças grego, Yanis Varoufakis, não foi convidado a participar de uma segunda reunião destinada a debater as medidas para evitar um conflito na zona do euro após a ruptura das conversas.
Em seu blog, Varoufakis criticou seus colegas por se negarem a estender a prorrogação do resgate para dar a oportunidade aos gregos de se expressarem sem pressões no referendo.
“A ideia de que um governo consulte seu povo sobre uma proposta problemática apresentada pelas instituições foi tratada com incompreensão e inclusive com um desdém que beirava o desprezo”, afirmou. EFE
rc/id
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