Gregos mandam aviso ao governo nas eleições regionais e locais

  • Por Agencia EFE
  • 18/05/2014 20h34

Atenas, 18 mai (EFE).- Os gregos deram neste domingo um sinal de atenção ao governo de coalizão entre conservadores e social-democratas nas eleições regionais e municipais, embora a coalizão da esquerda radical do Syriza não tenha conseguido dar o golpe de governo que esperava.

Na capital Atenas, o prefeito independente Yorgos Kaminis conseguiu alcançar o primeiro lugar com pouco mais de 21% e, mesmo contra as enquetes de boca de urna, deixou o candidato do Syriza, Gavriil Sakellaridis, no segundo lugar com 20%.

Ambos deverão medir forças no próximo domingo, quando acontece o segundo turno, que coincidirá com as eleições europeias, qualificadas como a verdadeira prova de fogo para o governo do conservador Antonis Samaras.

O primeiro-ministro reconheceu que “a verdadeira batalha serão as eleições europeias, nas quais os cidadãos devem decidir se querem seguir tendo estabilidade ou voltar atrás”, em uma clara alusão ao Syriza, acusado pelo governo de querer pôr em risco todos os esforços do Executivo para sair da crise.

Kaminis disse se sentir seguro e que poderá conseguir “uma grande vitória” no segundo turno.

O Syriza, por surpresa, conseguiu articular seu golpe na região de Ática, onde vive cerca de 40% da população do país, cuja candidata Rena Duru assumiu a primeira posição com 23,5% e ficou a frente do favorito, o presidente regional Yannis Sgurós, que aparece em segundo luga com pouco mais de 22%.

Sgurós se apresentou como independente, mas tinha o respaldo dos social-democratas do Pasok, o menor da coalizão de governo dirigida pelo conservador Antonis Samaras.

Em seu primeiro comparecimento à imprensa, Duru agradeceu os cidadãos pela vitória inesperada e pediu que voltassem a votar no segundo turno: “Se conseguimos governar em Ática, conseguiremos em toda Grécia”, disse.

Em Salônica, as expectativas foram mantidas e o popular prefeito independente – apoiado pela centro-esquerda – Yannis Butaris conseguiu o primeiro lugar com 36% e abriu uma clara vantagem frente ao candidato do partido conservador Nova Democracia, Stavros Kalafatis, que obteve 27%.

Neste momento, os analistas e políticos se mostram cautelosos ao interpretar os resultados das eleições regionais, dado que em todas as regiões haverá um segundo turno, da mesma forma que na grande maioria dos municípios.

O único fator que parece estar claro é o que não há um grande ganhador, já que o Nova Democracia, por exemplo, melhorou sua presença nas regiões e, em 12 das 13, passará ao segundo turno – em 8 com seu candidato na liderança -, mas não tem possibilidade alguma em regiões de grande peso, como Ática e Macedônia Central, ou em importantes cidades, como Atenas, Salônica, Pireo ou Patras.

O Syriza, por sua parte, disputará o segundo turno em cinco regiões, duas delas com seu candidato na liderança.

Em 2010, o partido esquerdista quase não tinha relevância no panorama político grego, situação que mudou radicalmente nas eleições gerais de junho 2012, quando obteve 27%, ficando apenas três pontos atrás da Nova Democracia.

“Os melhores gols são anotados no segundo tempo”, disse em um breve comentário seu líder, Alexis Tsipras, ao entrar na sede de seu partido em Atenas.

Os candidatos independentes apoiados pelo Pasok estarão presentes no segundo turno de 7 regiões, todos eles atualmente no cargo. Nas eleições de 2010, por exemplo, o Pasok ganhou em oito regiões.

Os resultados do Pasok no segundo turno e, especialmente, nas europeias podem ser decisivos para a sobrevivência da coalizão de governo, que só conta com duas cadeiras a mais para legitimar sua maioria no parlamento.

O líder do social-democrata e vice-primeiro-ministro, Evángelos Venizelos, advertiu nas últimas semanas que um mal resultado de seu partido poderia gerar um problema de legitimidade e, por consequência, sua saída do Executivo.

Após o nervosismo que estas declarações geraram no seio do governo, Venizelos tentou recuar nos últimos dias ao assegurar que sua intenção não era questionar a sobrevivência da coalizão. EFE

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