Greve de coveiros ameaça Freetown ao deixar vítimas de ebola nas ruas
Monróvia, 8 out (EFE).- A greve iniciada pela equipe encarregada de enterrar às vítimas do vírus do ebola na capital de Serra Leoa, que afirma não ter recebido o salário da última semana, ameaça deixar os corpos abandonados nas casas e ruas de Freetown.
Os coveiros que declararam greve ontem são os que dependem do governo federal. Os que pertencem às equipes da Cruz Vermelha e colaboram com o Ministério da Saúde mantiveram seu trabalho na cidade, informou nesta quarta-feira a rádio estatal de Serra Leoa. A interrupção do trabalho começou após ser detectado mais de 200 novos casos de ebola, ao fim de três dias de isolamento que o governo de Serra Leoa decretou para evitar a expansão do vírus.
Uma dona de casa de 40 anos e mãe de quatro filhos, Mariama Bangura, que permaneceu fechada em sua casa nos últimos três dias, disse à Agência Efe em entrevista por telefone que a decisão dos coveiros de Freetown é “imperdoável” neste momento. Para ela, a atitude irá gerar riscos médicos para os demais cidadãos, contudo tem esperanças de que o governo do presidente Ernest Bai Koroma atuará rapidamente para resolver a situação.
A greve acontece nos bairros de Western Urban, no interior da capital, e Western Area, nos arredores de Freetown.
Muitos habitantes de Serra Leoa, que estão sendo testemunhas do pior surto de ebola no país, se mostraram “abismados” com o fato de seus compatriotas “quererem exacerbar” uma situação já precária, conforme relatou a imprensa local.
A vice-ministra de Saúde, Madina Rahman, declarou em entrevista a uma rádio de Freetown que se a greve continuar ela “acabará definitivamente com as conquistas obtidas até agora” na luta contra o ebola. Sobre as reivindicações dos coveiros, ela garantiu que os salários das próximas duas semanas foram pagos em 1º de outubro, contudo afirmou que o Ministério realizará uma investigação para descobrir se aconteceram “erros” nos pagamentos. EFE
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